Rodrigues, José (2020). Dias de Outono. Porto: Porto Editora.
Fotografias:
Sara Augusto
Nº de páginas:
304
Início da
leitura: 07/11/2022
Fim da leitura:
08/11/2022
**SINOPSE**
“«O
sentimento de felicidade pode dar medo. Medo de que, de repente, tudo se
desmorone. Que o coração gele, depois de aquecer. Que a pele esfrie, depois de
recolher os melhores pedaços do Sol.»
Os
dias de Miguel são divididos entre a intensa atividade profissional e o apoio a
Teresa, a sua tia, institucionalizada com uma doença irreversível. Na família
encontra o conforto dos seus dias agitados, com Catarina e os filhos André e
Tiago.
As alterações recentes na administração do banco onde trabalha, a degradação do
casamento e os problemas vividos pelo filho adolescente levam Miguel a
questionar as opções de vida. Ao mesmo tempo, retoma as memórias mais antigas,
incluindo a sua vila no interior e a casa onde nasceu e viveu, criado por
Teresa, num ambiente de permanente felicidade.
Quando
o mundo de Miguel parece desabar, passado e presente unem-se numa longa jornada
de salvação e de mudança de prioridades, onde o amor se transforma no principal
caminho para a reconstrução da felicidade, mesmo quando a perda e a saudade
pareciam não querer dar tréguas…”
Gostei deste livro. Primeiro, pela forma despojada como está escrito. E malgrado todos os acontecimentos negativos, que poderiam tornar-se facilmente em clichês melodramáticos, são antes tratados com uma subtileza, uma delicadeza e um carinho, que os preenche de emoções e nos enternece ao lê-lo.
Muitas são as temáticas que passam por esta história e sobre as quais é preciso que esta sociedade consumista, sem tempo, freneticamente dedicada ao trabalho, reflita: o abandono dos filhos por parte de pais que se limitam a existir na casa, absorvidos toda uma vida pelos seus trabalhos e interesses; o refúgio de um jovem na droga, no álcool, nas amizades perigosas; a vivência do amor, que também arrefece pelas distâncias sem pontes que se vão interpondo na vida dos casais; a morte de um filho...
Penso que tem todos os ingredientes para ser uma boa história. Está bem escrito e aconselho a leitura.
As fotografias da Sara Augusto estão muito bem integradas ao longo da narrativa e o facto de serem a preto e branco, traz o cinza do outono que se coaduna com o cinza em que as almas por vezes ficam, precisando, qual Fénix Renascida, voltar a empreender o seu voo.
Algumas das fotografias, captaram-me a atenção, trouxeram-me memórias, fizeram-me pensar... quase como se fosse construindo a minha narrativa pessoal dentro da narrativa da obra.
2 Comentarios
Bom dia. Muito obrigado pela leitura e pela crítica. Disponha https://www.facebook.com/joserodriguesautor
ResponderEliminarEu é que agradeço. É sempre um prazer ler bons livros!
Eliminar