Quarentena: Uma História de Amor, José Gardeazabal

Gardeazabal, José (2021). Quarentena: Uma História de Amor. Lisboa: Companhia das Letras.

Nº de páginas: 208

Início da leitura: 12/11/2022

Fim da leitura: 15/11/2022

**SINOPSE**

"Um casal, decidido a separar-se e de malas feitas, é obrigado pelas autoridades de saúde a uma quarentena. O seu apartamento transforma se numa arena de proximidade física e distâncias calculadas, onde os restos da vida amorosa e o trautear televisivo de uma pandemia mudam o mundo por dentro e por fora.

Ali, sob o regime forçado de uma intimidade perdida, percebemos como, entre antigos amantes, vizinhos e desconhecidos, a saudade das multidões e dos sentimentos sempre estiveram à altura de nos resgatar do peso do presente.

Um olhar provocador sobre uma experiência coletiva.
Uma introspeção inesperada, à porta fechada, sobre o que é o amor, onde começa, acaba e recomeça.

Uma história de amor em 40 dias."

Ainda não tinha lido nada do autor português, que desconhecia. Quando vi o livro, chamou-me a atenção, mas o facto de o tema se centrar na pandemia, deixava-me sempre reticente. Quando vi que ganhou, em 2016, o Prémio INCM/Vasco Graça Moura e que, em 2018, foi finalista do Prémio Oceanos, decidi-me à leitura. Entretanto, já comecei a pesquisar outros livros do autor para ler.
Gostei da forma como escreve e, apesar de o tema ser um pouco penoso para quem vivenciou e se ressentiu com esta pandemia por COVID19, a forma como Gardeazabal o aborda, capta-nos a atenção. É uma espécie de história de amor invertida, uma vez que o casal, quando decide separar-se, vê-se obrigado a fazer a quarentena em casa, o que impede a separação imediata. E esta permanência em casa, este confinamento, separados pelo muro de "papel higiénico" que colocaram a dividir a sala, leva o protagonista a várias reflexões, não só em termos pessoais, mas também sociais e políticos. 
Confesso que gostei mais da parte inicial e final, pois considero que, pelo meio, se perde um pouco em divagações. Mas, no seu todo, é uma obra bem escrita, com uma linguagem cuidada. Deixo algumas passagens que assinalei:
"...a morte não tem conteúdo, pensamos nela, na melhor das hipóteses, como uma linha reta no céu, acima do horizonte,"
"A paciência é o tempo com pessoas dentro..."
"O tempo é invisível, é o contrário do espaço. O espaço entra-nos pelos olhos dentro."
"A paz é um eufemismo do fim. Na guerra ansiamos pelo fim, não pela paz."

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