Um Lugar ao Sol seguido de Uma Mulher, Annie Ernaux

Ernaux, Annie (2022). Um Lugar ao Sol Seguido de Uma Mulher. Porto: Livros do Brasil.

Tradução: Eduardo Saló
Nº de páginas: 152
Início da leitura: 25/03
Fim da leitura:  27/03

**SINOPSE**
"Dois meses depois de passar nos exames finais para se tornar professora, o pai de Annie Ernaux morreu. Revisitando a memória da sua vida, no que ela teve de mais particular, repleta de confiança no trabalho árduo e igual dose de sonhos frustrados, complexos de inferioridade e vergonha, uma filha procura preencher um vazio que é seu, traçando em simultâneo um retrato coletivo sobre uma época, um meio social, uma ligação familiar. Pouco depois, também a mãe desapareceu, após uma doença prolongada que lhe arrasou a existência, intelectual e física, e mais uma vez cabe à filha restaurar, através da palavra escrita, a sua presença na história. Neste volume reúnem-se os dois textos de Annie Ernaux sobre estas perdas: Um Lugar ao Sol, sobre o pai, publicado em 1984 e vencedor do Prémio Renaudot, e Uma Mulher, sobre a mãe, lançado em 1988. Duas peças literárias fulgurantes, misto de biografia, sociologia e história, onde resplandece a ambivalência dos sentimentos que unem filhos e pais e o impacto da quebra desse elo vital."
Este é um livro constituído por duas obras da autora. Este é um livro de memórias, que não pretendendo ser autobiográfico, não deixa de o ser efetivamente. Na primeira parte, "Um Lugar ao Sol", fala-nos da morte do pai. Em "Uma Mulher" fala-nos da perda da mãe, que passa também pela doença de Alzheimer. É, portanto um livro sobre estas perdas por que todos, mais tarde ou mais cedo, passam. Por isso, dependendo das nossas perdas pessoais, é natural que haja perceções diferentes do livro. Para mim, é um livro que me toca, que me remete para as minhas próprias perdas, para a dificuldade em lidar com os lutos da vida. A par desta visão intimista, sobressai também uma contextualização histórica, a pobreza em que os mais desfavorecidos viviam, em França. A coragem para se reerguerem dos escombros e montar um negócio que os transporia para uma pequena burguesia e que exigia comportamentos e formas de estar que se coadunassem com esta nova condição. Foram trabalhadores árduos, nem sempre sentiram a confiança que a inferioridade anteriormente incutida lhes deixou. Não é um livro para "devorar", mas para refletir e apreciar.
Vale a pena ler Annie Ernaux!

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