Tudo é Rio, Carla Madeira

 Madeira, Carla (2023). Tudo É Rio. Infinito Particular.

Nº de páginas: 192
Início da leitura: 09/11/2023
Fim da leitura: 10/11/2023

**SINOPSE**
"Suor, sangue, lágrimas, saliva, sémen. Tudo flui sem parar.

Lucy é a prostituta mais concorrida da cidade. Dalva, por contraste, é de origem familiar e muito tradicional, mulher de Venâncio, senhor de uns ciúmes doentios.

Lucy e o casal, Dalva e Venâncio, protagonizam um triângulo amoroso que se afasta dos lugares-comuns dos romances e nos faz questionar, sob formas surpreendentemente originais, quais os verdadeiros limites do perdão, até onde pode ir a intensidade de um amor, de que valores se reveste a importância da família e, acima de qualquer outra coisa nesta história, quão forte ou fraca pode ser a afeição entre mulheres.

Neste seu impressionante primeiro livro, a escritora brasileira Carla Madeira socorre-se de uma linguagem sem pudores ou complexos, com uma narrativa madura, mas ao mesmo tempo poética e imagética; e dessa forma incorpora todos os extremos, sem ideias básicas de certo e errado, apresentando-nos o extraordinário mundo de mulheres fortes, fracas, com problemas e soluções, com sentimentos e desejos reais."
Confesso que iniciei esta leitura com alguma apreensão, não sabendo bem com o que contar, uma vez que a história se inicia logo com a desabrida Lucy. Porém, à medida que fui entrando na história e conhecendo as restantes personagens, deparei-me com uma história com personagens muito intensas, sofridas e credíveis. A par da narrativa, muito bem construída, saliento a linguagem da autora, que consegue o deboche de forma quase poética, o que não é, de todo, fácil. É uma linguagem que nos aproxima das personagens e, ao mesmo tempo, nos revela uma profunda comoção com as suas vidas.
Deixo algumas frases que sublinhei:
"Perder amores é escurecer por dentro, uma memória do corpo que o entardecer evoca quando tinge o céu de vermelho."
"Pedir a Deus para não sofrer é como pedir para voar. Mas a gente pede assim mesmo e depois fica com raiva do pobre coitado. O sofrimento é certo como a morte e tão inegociável quanto."
"A morte é vida intensa demais para quem fica."
Aconselho a leitura!




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