Fumo, Antón Fortes

 Fortes, Antón (2009). Fumo. Lisboa: OQO PT
Nº de páginas: 36

Início da leitura: 16/11/2023

Fim da leitura: 16/11/2023

**SINOPSE**

"Tanto como os campos de concentração — com o que implicam de fome, frio, doença, violência e morte — interessa aqui um desses mundos pessoais e familiares que o nazismo destruiu, e que é das poucas coisas que tem cor frente ao cinzento cortante e ao silêncio.


Separação, solidão e saudade estão omnipresentes; a lembrança ajuda a fugir do isolamento e do desterro, e dá lugar — no inóspito do campo (lager) — ao amor, à amizade e à solidariedade: à humanidade, ao fim e ao cabo.

Se toda a violência está injustificada, a que põe fim à inocência ainda mais; contra ela, no processo de amadurecimento do protagonista, assistimos a um compromisso até à fusão com Vadío (única personagem com nome e etnia), que representa o reconhecimento no outro na catarse final.

O protagonista anónimo de Fumo descobre a realidade, mas filtra-a com a memória de um passado melhor. O despertar magoa-o e leva-o a uma aprendizagem rápida: a dureza e dificuldade da situação, e o instinto de sobrevivência obrigam-no a ser um menino responsável.

A inocência, mais que a impotência, marca o desenlace. Os inocentes não sobrevivem, dizia o Primo Levi; é o preço por ver a luz: a mão de Vadío apagando para sempre o medo e escrevendo com fumo uma palavra mágica sobre o céu da Polónia.

Uma comovente história de Antón Fortes com intensas imagens da polaca Joanna Concejo, de grande sensibilidade e beleza, apesar de reflectir a realidade do protagonista, que se torna mais dura ao enfrentá-la recorrentemente com lembranças da vida de onde foi ou foram todos arrancados."
Como é que um livro infantil, pequenino, pode ser tão intenso e conter uma mensagem de forma tão tocante? É o caso. Tudo, neste livro, nos abana e nos abala. E, no entanto, é um livro tão bonito, com ilustrações que dizem mais do que muitas palavras e que é preciso olhar com muita atenção e compreender toda a simbologia nelas impressa pela ilustradora conselho Joana. Num contexto de Guerra, vivido num campo de concentração, a amizade de duas crianças será mesmo até ao fim! Impossível não nos comovermos. Recomendo!
O que parece ser um álbum de fotografias, é apenas desenho, mas muito bem feito!

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