Compêndio para desenterrar Nuvens, Mia Couto

 Couto, Mia (2023). Compêndio para desenterrar nuvens. Alfragide: Editorial Caminho.

Nº de páginas: 144
Início da leitura: 10/11/2023
Fim da leitura: 11/11/2023

**SINOPSE**
"No universo literário de Mia Couto, em que uma coisa, um animal, por exemplo, pode ser uma pessoa, as nuvens, que, com os nossos olhos, vemos circulando pelo céu, podem, se consideradas com a imaginação, existir debaixo da terra. E se é assim, um Compêndio para Desenterrar Nuvens tem para nós a maior utilidade.

Nestes vinte e dois exercícios de imaginação mais uma vez Mia Couto nos serve de guia para descobrirmos o que está no que vemos com os olhos e no que a imaginação nos dá a ver.

E atenção: nem sempre as duas imagens coincidem."
Que livro fabuloso, tão ao jeito de Mia Couto! Este livro reúne contos do autor, publicados na revista Visão,  de entre os quais destaco "A carta sem correio", onde o filho, afastado da mãe, sonha com o dia do reencontro com ela: "Amanhã cumprirei o sonho de me sentar à tua frente e esperar, em silêncio, que me chames sem nenhum nome. Só assim: Meu filho. E eu voltarei a nascer, como se finalmente chegasse ao meu corpo"; "O vendilhão do tempo", em que se menciona que "o tempo é a mais fatal das doenças"; "A lembrança de Ilda", que, quando finalmente consegue reunir a família em torno dela, lhes oferece um "naperão" a cada um e vê as noras a consultarem "o google em busca da mesma palavra."; "O eterno retorno", que começa assim: "Envelhecer dá tanto trabalho que acabamos por ficar velhos."; "Lição de caligrafia", onde se refere que "a escrita é um rio. As vogais são água. As consoantes são pedras. A escrita é um rio antigo, que se inunda de gente. E o alfabeto é um barco. A maioria das pessoas nunca viajou nesse barco."
Estes são apenas exemplos dos vários contos que compõem esta obra, contos breves, que partem da realidade, povoada por personagens ficcionadas a partir de gente real, onde permanece a magia das crendices populares, a pobreza a todos os níveis, a tradição, os valores... Histórias que ficam na memória. Aconselho!

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