Mr. Punch - A Trágica Comédia ou Cómica Tragédia, Neil Gaiman

Gaiman, Neil (2006). Mr. Punch - A Trágica Comédia ou Cómica Tragédia. Grã-Bretanha: Vitamina BD Edições.

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Tradução: Pedro Silva e Pedro Vieira de Moura.
Nº de páginas: 96
Início da leitura: 25/12/2023
Fim da leitura: 27/12/2023

**SINOPSE**
"Em Portsmouth, cinzenta cidade do litoral da Inglaterra, um garoto passa uma temporada inesquecível na casa dos avós. Um período de amadurecimento e descobertas, reveladas por personagens insólitos: seu tio-avô Morton, marcado desde a infância por uma deficiência física; uma misteriosa mulher, que ganha a vida interpretando uma sereia, e Swatchell, um artista com um passado obscuro. À medida que as histórias desses personagens se entrelaçam e se desdobram, o garoto é forçado a confrontar segredos de família, estranhos fantoches e um pesadelo de violência e traição, em uma sombria fábula sobre o fim da infância – e da inocência – e a passagem para a vida adulta. Mr. Punch foi escrito por Neil Gaiman, aclamado autor de Sandman, Deuses Americanos e Coisas Frágeis, e ilustrado por Dave McKean, premiado artista de Asilo Arkham e Cages. Parceiros de longa data, já realizaram diversos trabalhos juntos, entre eles a graphic novel Sinal e Ruído."
Esta novela gráfica conta-nos a história de uma criança que, aos 8 anos, se vê obrigada a passar uma temporada em casa dos avós. É numa saída com o avô, para pescar que, no areal da praia, se depara com um teatro de fantoches. Esta peça designava-se Mr. Punch (alusão a uma peça de teatro de fantoches itinerante, muito popular em Inglaterra, entre 1837 e 1901, fazendo parte do folclore). Esta é uma peça bizarra, macabra e de humor negro, na qual se revelava uma violência extrema de que o Homem era capaz, para com a mulher e os filhos - e não só! A presença da vida surge a par da presença da própria morte, e as ilustrações sombrias, com o olhar demoníaco dos fantoches, a técnica do recorte, surge a lembrar-nos que a vida é isto, pedaços que muitas vezes nem encaixam e que resultam de acontecimentos, momentos que se fragmentam e que têm todos o mesmo fim: a solidão, a loucura, a deficiência, a morte...
Este teatro é o mote para a criança descobrir a peça da vida real vivida pela sua família, uma família cheia de segredos, marcada pela doença mental, por doenças, que surgem como fatalidades a que não se consegue fugir. 
Fala-nos, portanto, da perda da inocência por parte deste menino, que percebe que, afinal os fantoches não são simples brinquedos, porque reproduzem a vida real. Somos, afinal, todos personagens desta tragicomédia que mais não é que a própria vida.
Apesar de considerar o argumento bom, devo dizer que achei as ilustrações assustadoras, mais ainda do que as palavras, capazes de despertar calafrios. Também considero que, em determinado momento, o enredo se torna repetitivo e monótono (entendo que poderá ter sido propositado, para nos obrigar a pensar). Aconselho para quem gosta de terror e de analisar profundamente as imagens a par do texto.

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