Revolução, Hugo Gonçalves

Gonçalves, Hugo (2023). Revolução. Lisboa: Companhia das Letras.

Nº de páginas: 480
Início da leitura: 04/05/2024
Fim da leitura: 07/05/2024

**SINOPSE**
"Um disparo perfura a noite na serra de Sintra, durante um jantar da família Storm, e a matriarca sabe que perdeu um dos três filhos.

O epicentro do colapso tem origem muitos anos antes, entre o fim da ditadura e os primeiros tempos da revolução. Maria Luísa, a filha mais velha, opositora clandestina do regime, é perseguida pela PIDE. Frederico, o filho mais novo, está obcecado em perder a virgindade antes de ser mobilizado para a guerra colonial. E Pureza, a filha do meio, vê os seus sonhos de uma perfeita família tradicional despedaçados pelo processo revolucionário em curso.

Revolução acompanha a família Storm, do desmoronar do império ao despertar da democracia, ao longo dos rocambolescos, violentos e excessivos meses do PREC, quando a esperança e o medo dividem os portugueses e muitos acreditam que o país está a um triz da guerra civil.

Um romance tragicómico sobre a liberdade e as relações familiares, num período único de transformação, na História de Portugal, em que o caráter e o radicalismo medem forças, separando os filhos dos pais, colocando irmãos em lados opostos da barricada, criando terroristas fanáticos e heróis improváveis."
Neste livro maravilhoso, Hugo Gonçalves constrói uma ficção a partir de um momento histórico que é um marco na História de Portugal - o 25 de Abril de 1974 e os anos do PREC, o que exigiu ao escritor um grande trabalho de pesquisa. Não tendo vivido este momento, pois nasci em Angola, onde estava na altura da Revolução, reconheço, pelo que fui ouvindo a quem viveu, muitas das situações narradas.
Neste livro, conta-se a história da família Storm, com os seus momentos de incompreensão, de família que se desune, de vontades que chocam, perpassadas por breves momentos de ternura, de reencontro, de proximidade familiar; e também de crescimento (das personagens e do que simbolizam ao nível do país) e mudança. As personagens são ricas e muito verosímeis, humanas, com as suas virtudes e/ou defeitos, sendo o que realmente mais se destaca neste romance. A linguagem vai-se ajustando às personagens: explosão, com Maria Luísa; serenidade, com Frederico e Pureza...
Este livro relembra-nos que "o direito da liberdade implica o dever da memória" e é de extrema importância, para que nunca percamos a liberdade que conquistamos e não haja a repetição do passado. É preciso informação, não mais informação, mas informação de qualidade, que esclareça, não sendo imposta, com liberdade e libertação da "zumbificação" em que as pessoas se encontram atualmente, agarradas aos telemóveis.
Recomendo, claramente!

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