Kang, Han (2025). Despedidas Impossíveis. Alfragide: Publicações Dom Quixote.
Tradução: Maria do Carmo Figueira e Ana Saragoça
Nº de páginas: 352
Início da leitura: 22/01/2025
Fim da leitura: 30/01/2025
**SINOPSE**
"Numa manhã gelada de dezembro, Kyungha recebe uma mensagem da sua amiga Inseon -internada num hospital de Seul na sequência de um ferimento grave a cortar madeira - pedindo-lhe que a visite urgentemente. Quando Kyungha chega à enfermaria, Inseon conta-lhe que veio de avião da ilha de Jeju para ser tratada urgentemente e implora-lhe que vá a sua casa dar de comer e beber ao seu periquito, que de contrário morrerá.
Uma tempestade de neve fustiga a ilha à chegada de Kyungha e muitos dos autocarros foram cancelados ou sofreram atrasos. As rajadas de vento e o nevão constante não a deixam avançar e de repente a escuridão invade tudo. Kyungha não sabe se chegará a tempo de salvar a ave - nem mesmo se sobreviverá ao frio tremendo daquela noite; e não sabe também a vertigem que a aguarda em casa da amiga, onde a história há muito sepultada da família de Inseon acaba por revelar-se, em sonhos e memórias transmitidas de mãe para filha e num arquivo diligentemente organizado que documenta um terrível massacre ocorrido em Jeju.
Despedidas Impossíveis é um hino à amizade, uma elegia à imaginação e, acima de tudo, um poderoso manifesto contra o esquecimento. Como um longo sonho de inverno, estas páginas belíssimas formam muito mais do que um romance - iluminam uma memória traumática, enterrada ao longo de décadas, que ainda hoje ecoa no peito de muitas famílias."
Esta é uma obra muito introspectiva e poética, na qual se abordam as temáticas do luto, da morte, da perda e da memória. Revelou-se uma leitura profunda e emocionalmente complexa. O enredo gira em torno da reflexão da narradora sobre a morte da irmã mais velha (que nunca chegou a nascer) e sobre o próprio processo de luto. O branco surge em várias camadas da narrativa, o que podemos associar à pureza, à morte e à transição (fez-me voltar a O Livro Branco da autora, que adorei).
A história não nos surge através do encadeamento das sequências narrativas, antes de forma fragmentada, alternando entre o passado e o presente, de forma tão fragmentada quanto o são os próprios traumas emocionais.
A escrita reflete sensibilidade, é poética e reflexiva. Não é um livro para ler apressadamente, exige o seu tempo de leitura, bem como a concentração e predisposição necessária a este género de reflexões mais abstratas. Paramos para pensar na morte, no luto, na forma como lidamos com as nossas próprias perdas, o que nos aproxima da potagonista e narradora, do que sente e pensa.
Não é, com certeza, um livro que agrade a todos, mas é um excelente livro. É preciso partir para a sua leitura com a predisposição para esta necessária introspeção que a sua leitura exige.
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