Raptadas, Jess Lourey

Lourey, Jess (2025). Raptadas. Lisboa: Topseller.

Tradução: Pedro Póvoa
N.º de páginas: 368
Início da leitura: 30/08/2025
Fim da leitura: 31/08/2025

**SINOPSE**
"Minnesota, verão de 1980

Três meninas aventuram-se a entrar numa floresta, apesar da lenda local sobre o Homem de Borracha, que as assombra implacavelmente. Apenas uma regressa naquele dia, envolta num silêncio mortal, e sem qualquer memória do que aconteceu. O mistério que rodeia as Raptadas toma o país de assalto.

Verão de 2022

A inspetora Van Reed e o cientista forense Harry Steinbeck são destacados para um caso de homicídio perturbador: uma mulher foi enterrada viva e, na sua mão, descobriu-se um colar pertencente a uma das meninas desaparecidas. Se Van Reed segue o seu instinto, Harry baseia-se em factos, mas ambos estão desesperados por encontrar o assassino antes que ele mate novamente — e ambos estão ligados ao caso original, de maneiras que dificilmente quererão partilhar. À medida que a equipa consegue relacionar o crime que tem em mãos com o outro cometido há décadas, Van Reed luta contra memórias da sua própria infância de pesadelo, e contra o medo de que a descoberta da verdade sobre as Raptadas a leve por um caminho do qual também ela possa nunca mais regressar."
Raptadas, de Jess Lourey, é um thriller psicológico que recupera com mestria o espírito dos grandes romances de mistério do passado, recusando a superficialidade dos thrillers atuais e cativando o leitor com uma construção cuidadosa, envolvente e emocionalmente poderosa.

A história começa no verão de 1980, numa pequena localidade de Minnesota, onde três meninas entram numa floresta assombrada pela lenda do “Homem de Borracha” — mas apenas uma regressa, silenciosa, traumatizada e sem memória do que viveu. Décadas mais tarde, um crime chocante reacende o horror: uma mulher encontrada enterrada viva segura um colar que pertenceu a uma das desaparecidas.

O enredo alterna entre passado e presente, com a inspetora Van Reed, que segue o instinto, e o cientista forense Harry Steinbeck, que confia em factos — ambos ligados ao caso original de formas pessoais que vão-se desvelando ao longo da narrativa. Esta estrutura temporal gera tensão, provoca reflexão e mantém o leitor colado às páginas: um verdadeiro "page-turner".

O que me encantou neste thriller é a forma como Lourey aborda traumas profundos, cicatrizes invisíveis e memórias enterradas. Sentimos a dor da protagonista, a urgência da investigação e o suspense psicológico, tudo isso envolto numa atmosfera que remete para os thrillers clássicos, aqueles que exploravam o medo sem recorrer a modismos ou facilidades narrativas.

Além disso, a profundidade emocional do texto não impõe sacrifícios ao ritmo nem ao suspense — pelo contrário: a dor, o trauma e o instinto de sobrevivência são motores poderosos da história. A construção é inteligente e humana, com personagens complexos que resistem a estereótipos. O enredo faz-nos pensar sobre o peso do passado, sobre como eventos traumáticos podem moldar a vida e como a verdade pode ser devastadora mesmo quando libertadora.

E o final? Deixa-me na expetativa de ler uma continuação!

Recomendo.

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