A Vida Oculta de Fernando Pessoa, André F. Morgado e Alexandre Leoni

 Morgado, André F. (2025). A Vida Oculta de Fernando Pessoa.Lisboa: Iguana.


Ilustrador: Alexandre Leoni
N.º de Páginas: 96
Início da Leitura: 24/12/2025
Fim da Leitura: 26/12/2025

**SINOPSE**
Em plena Lisboa do século XX, Fernando Pessoa move-se entre dois mundos: o que todos conhecem… e o das sombras, onde opera como agente de uma ordem secreta que combate uma ameaça silenciosa prestes a alastrar-se pela sociedade portuguesa. Ele sabe que só há uma forma de o impedir. Mas cada missão deixa marcas. E essas marcas obrigam-no a escrever.
Nesta narrativa sombria e original, onde o real se mistura com o sobrenatural, A Vida Oculta de Fernando Pessoa transforma o nascimento dos heterónimos numa resposta a um trauma profundo — uma tentativa de manter vivos aqueles que foi forçado a eliminar.
Dez anos depois da publicação original, um dos principais sucessos comerciais da BD nacional está de regresso... e dizem que o mal também.
A obra A Vida Oculta de Fernando Pessoa, de André F. Morgado, parte de uma premissa extremamente ousada: Fernando Pessoa é retratado como um agente secreto pertencente a uma sociedade que combate zombies e forças ocultas. Esta abordagem fantástica procura explicar, de forma criativa, o surgimento dos heterónimos, estabelecendo desde o início um tom irreal e provocador.

Cada heterónimo surge como uma entidade com voz própria, embora sempre ligada à psique do poeta. O recurso ao diálogo entre Fernando Pessoa e os seus heterónimos revela-se eficaz, permitindo explorar os seus conflitos internos de forma dramática e, em certos momentos, humorística. Este aspeto contribui para uma leitura dinâmica e imaginativa.

Um dos pontos mais positivos da obra é, sem dúvida, a integração de poemas reais de Fernando Pessoa. O autor consegue inserir versos autênticos nos diálogos de forma natural, reforçando a atmosfera e a carga emocional das cenas, sem que estes pareçam deslocados ou forçados no enredo.

Apesar destes méritos, a obra não foi totalmente do meu agrado. O retrato de um Fernando Pessoa extremamente violento causa algum estranhamento. Embora se compreenda que o objetivo seja explorar criativamente aquilo que desconhecemos da vida do autor, esta caracterização não vai ao encontro do meu gosto pessoal. Além disso, o enredo parece excessivamente elaborado, o que acaba por dificultar a minha identificação com a narrativa.

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