A Mãe e o Crocodilo, José Gardeazabal

Gardeazabal, José (2023). A Mãe e o Crocodilo. Lisboa: Companhia das Letras.
Nº de páginas: 176

Início da leitura: 27/09/2024

Fim da leitura: 28/09/2024


**SINOPSE**

"A trabalhar numa fábrica de reciclagem algures num lugar centro europeu, ex-fascista, ex-comunista e ex-industrial, Vladimir cria um crocodilo chamado Benito e sobrevive à rotina alimentando sonhos de imigração e de uma relação íntima com uma mulher.

Vladimir trabalha numa fábrica de reciclagem e partilha a sua vida com um crocodilo chamado Benito e uma longa história de esquecimento com a mãe, que recusa revelar-lhe o nome do pai desaparecido. Aprisionado numa geografia do desespero, num lugar centro europeu ex-fascista, ex-comunista e ex-industrial, por esta ordem, Vladimir observa os hábitos do perigoso animal, sonha com uma relação íntima com uma mulher, e resiste às idiossincrasias do seu grupo de amigos, ultrapassando a rotina apoiado na pergunta warum?, o velho porquê alemão.

É então que o seu bocado de Europa é atravessado por um grupo de refugiados que chega à cidade na esteira de Noor, por quem Vladimir se apaixona, e que interrompe a rotina moral da reciclagem de forma violenta. Vladimir descobre numa antiga fotografia do pai uma revelação que muda o seu destino e o do crocodilo Benito. E o que muda, afinal? E warum?"
 
Gosto da forma como José Gardeazabal escreve, como nos envolve nas histórias que conta, como nos confunde (entre analepses e prolepses), como nos faz pensar, como nos cativa e surpreende. Este livro não é exceção, com a sua história simbólica. Numa linguagem e estilo cuidados, ficamos a conhecer o protagonista deste livro - Vladimir, que trabalha numa fábrica de reciclagem e se debate com problemas de autestima, de solidão, de amor, de descoberta, de dúvida, de procura constante da sua identidade e de divagações. Vive com Benito, um crocodilo, que o próprio narrador diz poder "não ter existido", que poderá ter ajudado este homem só "com a sua fome e a sua paciência". A mãe acaba por ir para um Lar de idosos e começa a perder a memória. Uma mãe sofrida, que foi abandonada pelo marido, que fugiu com um homem, pai que a personagem tenta apagar, mas que resiste ao tempo e à memória. E mais não posso contar. Só digo que é maravilhoso!

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