A Água do Lago Nunca É Doce, Giulia Caminito

Caminito, Giulia (2024). A Água do Lago Nunca É Doce. Alfragide: Lua de Papel.

Tradução: Vasco Gato
N.º de páginas: 412
Início da leitura: 20/11/2024
Fim da leitura: 23/11/2024

**SINOPSE**
"Gaia nasce e cresce pobre, ao lado dos marginalizados, dos que não importam, dos que nada têm. Aos seis anos mora num subúrbio problemático de Roma. Partilha uma casa minúscula com a mãe, Antonia, uma ruiva otimista e forte, o pai, que trabalhava nas obras até cair de um andaime e ficar paralítico, e os três irmãos. o mais velho, Mariano, é de um pai diferente, e os gémeos, mais novos, dormem num caixote de cartão.

É com esperança num futuro melhor que a família se muda para um apartamento a trinta quilómetros da capital italiana, perto do lago Bracciano. Mas a nova morada revela-se igualmente hostil para Gaia, que ali se vai fazendo mulher, enfrentando diariamente uma vida que a agride e dececiona - ao ponto de lhe matar a capacidade de sonhar, ou pelo menos de desejar "não ser menos do que ninguém", como a sua mãe insiste em repetir.

Ao contrário de Antonia, que carrega o mundo aos ombros sem nunca esmorecer, Gaia enfrenta a pobreza e a humilhação com sucessivas vagas de ódio - contra tudo e todos, até contra si própria, que a afastam de qualquer hipótese de fuga ou redenção.

Em A Água do Lago Nunca É Doce, finalista do prémio Strega 2021, Giulia Caminito escreve sem rodeios sobre uma realidade incómoda. Num estilo ousado, direto e austero, expõe as hipocrisias da sociedade através de uma protagonista inquietante, cuja fúria parece capaz de rasgar o cenário de águas turvas, onde ela, e muitos outros, anónimos, (ainda) sobrevivem."
Este livro conta-nos a história de uma família que vive em condições muito desfavorecidas e que vai tentando manter-se à tona, no meio de uma sociedade tão desigual e hipócrita, onde é difícil ultrapassar as divergências, onde se está condenado a navegar para sempre nas águas turvas do lago. A protagonista é Gaia, a segunda filha, que se vê constantemente confrontada com essas desigualdades, mas que, ainda assim, aproveitando todos os recantos para estudar, acaba por seguir os estudos. Porém, será que estigma que lhe está colado à pele, alguma vez a deixará ser e seguir o que realmente queria? A autora italiana, vencedora dos prémios Campiello & Strega Off, escreve num estilo cru, direto e duro, expondo uma realidade que incomoda, que nos inquieta. Recomendo!

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