Nada, de Carmen Laforet

 Laforet, Carmen (1944). Nada. Lisboa: Cavalo de Ferro. 2024.

Tradução: Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu
Nº de páginas: 280
Início da leitura: 27/10/2024
Fim da leitura: 03/11/2024

**SINOPSE**
"Numa Espanha franquista dos primeiros anos do pós-guerra, ancorada na tradição e agressivamente suspeitosa a qualquer novidade ideológica surge o romance de estreia de uma jovem autora desconhecida que revolucionará a literatura e agita a sociedade da época.

Nada é a história de Andrea, rapariga estranha e de conduta insólita. Chegada a Barcelona para começar uma nova vida, Andrea penetra no submundo da Rua Aribau, onde a sua família pobre e enlouquecida vive os anos cruéis da ocupação franquista da cidade.

Ao longo de um ano Andrea vive a sua «educação sentimental», no meio de personagens ambíguas e conturbadas, empurrada por um desejo de liberdade que repele as normas da conduta correcta, ao mesmo tempo que descobre a cidade e o seu próprio caminho para a vida adulta."
Um clássico premiado, que vale a pena ler.
Andrea é uma jovem que vai estudar para Barcelona, para casa de familiares numa situação económica desfavorável e que ocultam vários segredos, sugando-a para uma vida algo psicótica, obessiva, desagregada, angustiante e faminta.
As personagens são tão autênticas, que parece que nos cruzamos com elas nesta história e apetece-nos, em determinados momentos, abaná-las, questioná-las, interpormo-nos nos caminhos obscuros que as vão tornando demoníacas.
Uma das mais emblemáticas e em trono da qual giram todas as sequências narrativas, é Roman, tio de Andrea, que terá sido, segundo as suas palavras um músico promissor. Mas não terá passado da promessa de vir a tornar-se num grande músico. Porém, ainda que a sua degradação seja evidente, há nele algo que atrai e atria como que para um abismo. E, mesmo quem se deixa atrair, ou cai no abismo profundo da sua psicopatia ou sente necessidade de fugir. Depois, temos o irmão de Roman, Juan, que tem em si duas personalidades que se alternam: a doçura quase cândida e a violência ostracizante. Glória, mulher de Juan, encerra em si muitos segredos, uma mulher que, apesar de, até certo ponto, impor a sua personalidade, se submete ao jugo de um marido violento e de um cunhado demente. A avó, que vai mitigando a fome de Andre, deixando de comer para lhe ir deixando à cabeceira uns "mimos", é também ela difícil de entender. A amiga de Andrea, a sua família, são também personagens marcantes e envolventes. Até onde podem ir os segredos desta família? O que escondem?
Mas mais não digo. Recomendo!

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