O'Brien, Edna (2020). Menina. Amadora: Cavalo de Ferro.
Tradução: Raquel Dutra LopesNº de páginas: 240
Início da leitura: 18/11/2024
Fim da leitura: 20/11/2024
** SINOPSE**
"Um livro perturbador e actual, descrito como uma obra-prima pela crítica, que reconstrói ficcionalmente a história das meninas raptadas pela seita jiadista Boko Haram.
Numa terrível noite, Maryam é raptada na escola e feita escrava por uma seita jiadista, tornando-se testemunha e vítima de atos brutais cometidos em nome de uma ideologia. Roubada da sua inocência e dignidade, ela, apenas uma menina, resiste valorosamente, até que, de forma inesperada, as portas para a liberdade se abrem. Contudo, novas provações e horrores se escondem: nos caminhos da floresta selvagem, que devolve Maryam, já com uma filha nos braços, e numa sociedade marcada pela guerra e pelo preconceito.
Escrito com base num artigo de jornal sobre as meninas raptadas pelo Boko Haram na Nigéria, Menina é um romance perturbador, que confronta o leitor com a natureza humana do mal. Uma obra-prima no dizer da crítica, na qual Edna O’Brien desafia as convenções da ficção, continuando a explorar os seus temas de eleição: a violência de género e a misoginia perpetuadas em nome das convenções sociais e da religião.
A autora é uma das mais importantes e admiradas escritoras de língua inglesa, e vencedora de inúmeros prémios literários, entre os quais se contam: The Irish PEN Lifetime Achievement Award for Literature, The American National Art's Gold Medal, Ulysses Medal e PEN/Nabokov Award for Achievement in Literature."
Um livro fabuloso! Adoro a forma como Edna O'Brien, escritora irlandesa, escreve. É intensa, forte pungente, arrepiante a forma que encontrou para se manifestar em relação a um artigo de jornal sobre meninas raptadas na Nigéria. Este livro é um grito de desespero, de revolta.
As personagens são muito bem construídas, os ambientes soturnos, a ação imparável. Impossível não nos sentirmos presos a este livro até o terminarmos. Aconselho vivamnete.
Deixo algumas passagens:
"Em tempos fui uma menina, mas já não sou. Cheiro mal. Sangue seco e incrustado por todo o lado, e o meu vestido esfarrapado. Por dentro, estou desfeita." (pág. 11)
"Tenho fome. A minha saliva torna-se mais espessa e babo-me. Quero sair e procurar onde caiu o que ela atirou para fora (...) Há sujidade em mim e dentro de mim, a sujidade dos feitos deles." (pág. 95)
"- Não tenho idade para ser tua mãe" (pág. 101)
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