Kang, Han (2016). A Vegetariana. Lisboa: Publicações D. Quixote.
Tradução: Maria do Carmo Figueira
Nº de páginas:192
Início da leitura: 24/11/2024
Fim da leitura: 27/11/2024
**SINOPSE**
"Uma combinação fascinante de beleza e horror.
Ela era absolutamente normal. Não era bonita, mas também não era feia. Fazia as coisas sem entusiasmo de maior, mas também nunca reclamava. Deixava o marido viver a sua vida sem sobressaltos, como ele sempre gostara. Até ao dia em que teve um sonho terrível e decidiu tornar-se vegetariana. E esse seu ato de renúncia à carne - que, a princípio, ninguém aceitou ou compreendeu - acabou por desencadear reações extremadas da parte da sua família. Tão extremadas que mudaram radicalmente a vida a vários dos seus membros - o marido, o cunhado, a irmã e, claro, ela própria, que acabou internada numa instituição para doentes mentais. A violência do sonho aliada à violência do real só tornou as coisas piores; e então, além de querer ser vegetariana, ela quis ser puramente vegetal e transformar-se numa árvore. Talvez uma árvore sofra menos do que um ser humano.
Este é um livro admirável sobre sexo e violência - erótico, comovente, incrivelmente corajoso e provocador, original e poético. Segundo Ian McEwan, «um livro sobre loucura e sexo, que merece todo o sucesso que alcançou». Na Coreia do Sul, depois do anúncio do Man Booker International Prize, A Vegetariana vendeu mais de 600 000 exemplares. Aplaudido em todos os países onde está traduzido, é um best-seller internacional."
Este é um livro que incomoda e choca, que nos angustia e deprime.
Yeong-hei, a protagonista deste livro, leva uma vida perfeitamente normal, dentro do que é uma vida perfeitamente normal numa sociedade opressora em relação às mulheres, em que estas têm o dever de manter a casa em ordem e cumprir as suas obrigações conjugais. Mas, a sua atitude sofre uma reviravolta a partir de um sonho que tem. Torna-se vegetariana, vai deixando de comer, com o intuito de se tornar, ela própria num vegetal. É interessante ver as várias reações: do marido, da irmã e do cunhado e a forma como cada um lida com os acontecimentos que se desenrolam após esse sonho.
Penso, no entanto, que o título pode ser falacioso, uma vez que não se trata de uma pessoa que se torna vegetariana, antes de uma pessoa que decide deixar de comer (gradualmente, e não apenas carne) e cujo comportamento revela um estado mental doente. O vegetarianismo surge aqui antes como mote para a libertação da personagem de tudo o que é convencional na sua vida, um ato de rebeldia e uma afronta aos costumes vigentes e seguidos à risca pela família e pela comunidade em que se encontra inserida, uma forma de voltar ao ventre da terra mãe.
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