Lyons, Annie (2024). O Clube de Leitura Antiguerra. Lisboa: Bertrand Editora.
Tradução: Ana Mendes LopesNº de páginas: 376
Início da leitura: 27/02/2025
Fim da leitura: 02/03/2025
**SINOPSE**
"Uma saga da Segunda Guerra Mundial, nostálgica e reconfortante, sobre a importância do espírito de comunidade durante tempos sombrios, com uma livraria nos subúrbios de Londres como pano de fundo.
Gertie e Harry conheceram-se numa livraria, e foi aí que se apaixonaram. Fundaram a Livraria Bingham em 1911, espaço que, rapidamente, se converteu numa referência local. Nem mesmo Gertie podia antever que, anos mais tarde, a Livraria Bingham se tornaria o último bastião de esperança para toda a comunidade…
Estamos em 1938 e, após a morte de Harry, Gertie Bingham entende que é chegado o momento de vender a preciosa livraria - a dor da sua perda é imensa. Contudo, à medida que o nazismo varre a Europa, há uma necessidade cada vez maior, pelo menos para alguns, de salvar o máximo de crianças judias, e Gertie é persuadida a juntar-se à rede. Quando Hedy Fischer cruza a sua porta, com uma pequena mala de viagem e poucas palavras de inglês, o mundo de Gertie transforma-se. Começa a guerra, que as duas vão enfrentar lado a lado.
A relação é tensa, no início, até que Gertie empresta a Hedy o seu exemplar de Jane Eyre, que lhe tinha sido oferecido por Harry no dia em que casaram. Forma-se então entre as duas uma ligação inscrita no amor pelos livros, e decidem formar o Clube de Leitura Antiguerra, fornecendo aos membros livros para que os leiam durante as investidas aéreas alemãs.
Todos partilham a guerra e as suas agruras durante meses, mas também autores e livros intemporais. Discutem tudo no abrigo da livraria - afinal de contas, um bom livro pode fazer maravilhas para animar pessoas de todas as idades e criar laços, mesmo nos momentos mais difíceis da História."
Este livro desenvolve-se em torno de temas como amizade, superação, e o poder da literatura em tempos de crise, durante a II Guerra Mundial. A história segue a vida de personagens que, através de um clube de leitura, enfrentam os desafios de suas próprias vidas, utilizando os livros como uma forma de escapar e refletir sobre os problemas e dilemas que os cercam.
A autora consegue, de maneira habilidosa, construir personagens cativantes. Cada personagem tem uma narrativa própria e, por meio das discussões literárias no clube, vemos como os livros ajudam a lidar com questões como guerra, perda, e reconstrução da própria vida. Ao longo da história, o tema da guerra, seja no sentido literal ou figurado, é abordado de maneira subtil, mas profunda, trazendo à tona o impacto das experiências traumáticas nas vidas das pessoas.
Em relação à escrita, Annie Lyons apresenta uma narrativa fluida e cheia de empatia, com diálogos que são, ao mesmo tempo, naturais e profundos. A autora consegue equilibrar a leveza das interações quotidianas com momentos de reflexão mais pesados, criando uma dinâmica que mantém o interesse do leitor.
O livro também é uma excelente reflexão sobre como a literatura pode ser uma ferramenta de resiliência, oferecendo aos leitores, não apenas distração, mas também uma forma de transformação pessoal. O "antiguerra" da história vai além da oposição ao conflito bélico; abrange também a guerra interna que cada personagem trava, seja com seus próprios sentimentos ou com as dificuldades da vida. Cada capítulo inicia-se com uma passagem de um clássico, o que achei muito interessante. Recomendo.
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