Cigarra, Shaun Tan

Tan, Shaun (2024). Cigarra. Lisboa: Orfeu Negro.

Tradução: Carla Oliveira

Nº de páginas: 40

Início e fim da leitura: 06/03/2025


**SINOPSE**

"Cigarra trabalha em edifício alto. Dezassete anos. Sem falta. Sem erro. Tac tac tac!

Esta é a história de uma cigarra que trabalha num escritório cinzento. Rodeada por colegas que a tratam mal, com um chefe que não reconhece o seu valor. Ao fim de dezassete anos, a cigarra reforma-se. Sobe as escadas até ao topo do edifício. Chegou a hora de ser livre.

Um álbum misterioso sobre desumanização, poder, felicidade e libertação."

Este livro distancia-se das narrativas convencionais, sendo uma fusão entre ilustração e uma poderosa mensagem de reflexão. A história, que remete para o conto da cigarra e da formiga, explora temas profundos como o trabalho, a procrastinação, o isolamento...
Shaun Tan utiliza uma linguagem visual muito rica e detalhada para contar a história, com ilustrações que captam perfeitamente o estado emocional da personagem principal, uma cigarra que não se prepara para o inverno da sua existência, que dedica grande parte da sua vida a um árduo trabalho, que ninguém reconhece, que se depara com as dificuldades comuns a muita gente: vive "entre as paredes do escritório", nem sempre consegue pagar a renda e, quando chega a idade da reforma, ninguém lhe reconhece uma vida inteira de dedicação exclusiva ao trabalho. "Sem trabalho. Sem casa. Sem dinheiro." 
Uma obra belíssima, que é um convite à reflexão sobre as nossas ações, escolhas e sobre a nossa relação com o tempo e as consequências dessas escolhas. A história é triste, mas também inspiradora, e as suas ilustrações são um verdadeiro deleite para os olhos. Uma leitura que vale a pena, especialmente para aqueles que apreciam narrativas que vão além das palavras.
A forma escrita é como um telegrama - poucas palavras, mas todas com profundo significado, apontando para a passagem rápida do tempo, como o "Tac tac tac", que pode ser do trabalho mecanizado ou de um relógio. Para todas as idades, sendo que a interpretação esperada é diferente consoante a geração de leitores.

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