Sapatos de Rebuçado, Joanne Harris

Harris, Joanne (2007). Sapatos de Rebuçado. Lisboa: Edições ASA.

Tradução: Teresa Curvelo

Nº de páginas: 504

Início da leitura: 27-11-2022

Fim da leitura: 30-11-2022

**SINOPSE**

"Sapatos de Rebuçado é mais uma viagem ao mundo encantado de Joanne Harris. Um (esperado) regresso a Chocolate.

Após ter abandonado a aldeia de Lansquenet-sur-Tannes, cenário de Chocolate, Vianne Rocher procura refúgio e anonimato em Paris, onde, juntamente com as suas filhas Anouk e Rosette, vive uma vida pacífica, talvez até mesmo feliz, por cima da sua pequena loja de chocolates. Não há nada fora de comum que as destaque de todos os outros. A tempestade que caracterizava a sua vida parece ter acalmado... Pelo menos até ao momento em que Zozie de l’Alba, a mulher com sapatos de rebuçado, entra de rajada nas suas vidas e tudo começa a mudar…
Mas esta nova amizade não é o que parece ser. Impiedosa, retorcida e sedutora, Zozie de l’Alba tem os seus próprios planos - planos que vão despedaçar o mundo delas. E com tudo o que ama em jogo, Vianne encontra-se perante uma escolha difícil: fugir, tal como fez tantas outras vezes, ou confrontar o seu pior inimigo…
Ela própria."

Li Chocolate há muitos anos, logo que foi publicado e gostei muito por várias razões, nomeadamente por se passar num ambiente muito fechado e "religioso", onde a abertura de uma chocolataria era vista como um pecado que vinha aguçar a gula dos mais fracos. Adorei as descrições da realização dos chocolates, da decoração das montras, de como, aos poucos, foi fazendo parte dos hábitos dos habitantes daquela pequena aldeia. Até da história de amor...
Quanto a este romance, que regressa às personagens do livro anterior, desta feita em França, penso que ficou um pouco aquém do que esperava. Paris surge descrita como uma cidade feia, fria, vazia... Se calhar as minhas expetativas tornaram-se mais exigentes. Achei a história muito longa, por vezes repetitiva, outras tantas demasiado fantasiosa. Gostei particularmente da pequena Anouk, uma adolescente muito inteligente. Já a mãe, Vianne Rocher, surge de forma muito apagada na narrativa, como se o facto de se ter escondido toda a vida, tivesse contribuído para anular a sua personalidade. Chega até a aceitar uma proposta de casamento com um homem dominador e execrável, apenas para dar às filhas uma vida mais segura e confortável. Apeteceu-me abanar Vianne! Onde ficou a mulher corajosa que lutava pelos seus ideais? 
Zozie é uma nova personagem (também ela com poderes sobrenaturais, tal como Vianne), mas é uma personagem maléfica, que surge "com pele de cordeiro" e os seus extravagantes "sapatos de rebuçado" para seduzir a família, especialmente Anouk. O que quererá essa mulher tenebrosa? Quem é, afinal, esta mulher tão "solícita"?
O final, que se pretendia emocionante, também não me cativou, pois a fantasia torna-se excessiva, anulando, em parte, o que a história tinha de credível. 
Gostei bastante mais de Chocolate (que li sempre acompanhada de um bom chocolatinho).  
Tinha ideias de continuar esta tetralogia, mas fiquei com receio de que O Aroma das Especiarias e A Menina que Roubava Morangos me continuassem a dececionar.    

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