O Luto de Elias Gro, João Tordo

Tordo, João (2018). O Luto de Elias Gro. Lisboa: Penguin Random House.
Nº de páginas: 328
Início da leitura: 10/10/2024
Fim da leitura: 17/10/2024

**SINOPSE**
"Numa pequena ilha perdida no Atlântico, um homem procura a solidão e o esquecimento, mas acaba por encontrar muito mais.
A ilha alberga criaturas singulares: um padre sonhador, de nome Elias Gro; uma menina de onze anos perita em anatomia; Alma, uma senhora com um coração maior do que a ilha; Norbert, um velho louco que tem por hábito vaguear na noite; e o fantasma de um escritor, cuja casa foi engolida pelo mar.
O narrador, lacerado pelo passado, luta com os seus demónios no local que escolheu para se isolar: um farol abandonado, à mercê dos caprichos da natureza - e dos outros habitantes da ilha. Com o vagar com que mudam as estações, o homem vai, passo a passo, emergindo do seu esconderijo, fazendo o seu luto, e descobrindo, numa travessia de alegria e dor, a medida certa do amor.
O luto de Elias Gro é o romance mais atmosférico e intimista de João Tordo, um mergulho na alma humana, no que ela tem de mais obscuro e luminoso."

Este não é um livro de leitura voraz, pois requer atenção, reflexão, um ficar a sós com a narrativa para desfrutar dela plenamente. A própria história parte dessa necessidade de solidão, de estar a sós com o silêncio que preenche essa solidão e tudo o que a rodeia. É impossível não nos rendermos à beleza da história, dos espaços e à força das personagens, tão bem desenvolvidas. A ilha onde decorre a ação acaba por ser uma forma de conhecimento pessoal, de pôr à prova a resiliência, a capacidade de superação ou de abandono do "eu" do passado e uma procura do que pode ainda existir de bom dentro de si. A linguagem é belíssima, poética e profunda.

"Sei agora o que nunca soube - que o amor encontra o seu estado mais puro quando julgamos que o fim chegou; finalmente entendo que o amor pode ser precisamente essa ausência, o deixar de estar, ser capaz de apreciar cada minuto da nossa memória como se segurássemos, entre as mãos, um punhado de brasas num deserto de gelo."

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