Direi Sempre Que Sim, Mary Beth Keane

Keane, Mary Beth (2021). Direi Sempre Que Sim. Alfragide: Edições ASA II.

Tradução: Elsa T.S. Vieira

Nº de páginas: 432

Início da leitura: 13/04/2022

Fim da leitura: 15/04/2022

**SINOPSE**

Francis Gleeson e Brian Stanhope são agentes da polícia de Nova Iorque e vizinhos num subúrbio da cidade. Não são amigos sequer, apenas colegas. Mas o que acontece na intimidade das suas casas - a solidão de Lena, a mulher de Francis; e a instabilidade de Anne, a mulher de Brian - vai ultrapassar as respetivas esferas familiares e marcar as vidas de todos durante décadas.

Pois embora os dois casais mantenham entre si uma relação tensa, os filhos, Kate Gleeson e Peter Stanhope, são os melhores amigos. Na verdade, amam-se desde que se conhecem. Há algo, porém, que os distingue profundamente. Enquanto Kate tem uma vida fácil e um lar acolhedor, Peter carrega o peso do mundo nos ombros, um peso que nenhuma criança deveria carregar.

E quando Kate tem treze anos e Peter catorze, as duas famílias envolvem-se num confronto devastador. Brutalmente separados, Kate e Peter não conseguem aceitar que terão de viver um sem o outro.

Com elegância e profundidade, Mary Beth Keane deixa-nos entrar na esfera íntima destas famílias para nos falar sobre um dos temas mais difíceis e desafiadores da ficção: a decência humana.

 

Este é daqueles livros que não se dá pelas horas a passar durante a leitura, nem pelas 432 páginas. Numa narrativa fluída, a narradora vai-nos dando conta da história de duas famílias, os Gleesons e os Stonhop,e que se cruzam no pior e no melhor, na tragédia e no amor. Peter é ainda uma criança quando a mãe, Anne, dá um tiro ao vizinho, Francis. É internada e o pai, Brian, deixa-o em casa de um irmão. Aos poucos vamos acompanhando a desestabilização de Anne até ao momento da tragédia que leva Francis a perder um olho. A partir do momento em que Francis se casa com Anne e a leva para viver num local desterrado, não conseguindo fazer amizades, começa a fechar-se no seu mundo, descuidando o próprio filho que, desde pequeno, vai tentando desculpabilizar a mãe, assumindo, em várias circunstâncias o comando da sua vida. A mãe fecha-se repetidamente no quarto e vai sendo dominada por uma doença mental. Para além desta temática tão pertinente e que está na origem do próprio futuro trilhado pelo filho, é ainda abordada a temática do alcoolismo ao qual se entregará, apesar de ser polícia, casado com Kate, a filha dos ex-vizinhos, ter dois filhos. Quando a mãe decide que não quer voltar a ter as visitas dele no hospital, vai dando início um afogar de mágoas na bebida, chegando a um beco sem saída.

Poderá o amor ser a cura? Será que o sogro alguma vez desculpará a sua mãe pela tragédia que assolou estas famílias? Poderão, algum dia, recuperar o sentido da vida e o desejo de seguir em frente?

Um livro que recomendo sem reservas.

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