Pitliuk, Marcio (2021). A Alpinista. Lisboa: Gradiva.
Nº de páginas:
320
Início da
leitura: 11/04/2022
Fim da leitura:
11/04/2022
**SINOPSE**
Desde
muito jovem Hannelore Schultz sabia bem o que não queria: o desconforto, a
pobreza e os modos rudes do ambiente onde crescera. Mas também sabia o que
queria: luxo, riqueza, poder. Nada disso combinava com o vilarejo da sua
infância e juventude. Logo que surgisse a oportunidade pretendia sair dali e a
porta abriu-se com o início da perseguição aos judeus. Berlim parecia-lhe ser a
resposta para as suas ambições. Estava certa.
Quanto
a armas, usaria as que tinham nascido consigo e aprimorá-las-ia ao longo do
tempo: rara beleza, elevada capacidade de sedução, inteligência, foco. Para
Hannelore nada mais contava do que a sua vida, os seus planos, a sua ambição. o
mundo estava lá para servir o seu objetivo de ascensão social, degrau a degrau.
Ambição, sexo, traição tudo isto se revela neste romance que tem como pano de
fundo a Segunda Guerra Mundial, a Berlim que se julga dona de tudo, os campos
de extermínio nazistas na Polónia.
A
vida das personagens cruza-se com a política imperialista e aterradora de Hitler,
e boa parte delas usam-na a seu favor. O remorso, esse, parece ser uma palavra
desconhecida. No fim do caminho haverá espaço para a justiça?
Uma obra que se lê sem paragens.
Este
é dos poucos livros em que consegui manter para com a protagonista uma aversão
intensa do início ao fim do livro. Como é que uma mulher com uma aparência
exterior tão cativante consegue ser tão frívola, tão vazia, tão displicente, malévola,
maquiavélica e narcisista?
Hannelore
Schultz é uma verdadeira psicopata, oriunda de uma família humilde e pobre, de Lilienthal,
uma pequena aldeia, de que ela ambiciona libertar-se para se tornar numa
alpinista social. Nem que para isso tenha de magoar as pessoas, nunca mais
voltar à terra ou querer saber dos pais, denunciar, abandonar… Para ela, não há
limites. E a sua arma é a beleza com que nasceu e que vai aprimorando com toda
a sensualidade que lhe proporcionará Berlim, para onde viaja com o marido, o
professor Hans Schmidt. Para ela não há limites nem têm lugar sentimentalismos,
tudo o que faz é sem olhar a meios ou ficar com remorsos. Não tem tempo para
pensar no que a pode perturbar, preocupada que está em subir sempre mais um
degrau na ascensão social. Tudo o que faz (não o que sente, pois não creio que
sinta nada) é premeditado e ditado por uma ambição desmedida e imparável. Durante
o Holocausto, acaba por se aproveitar da guerra para continuar a subir na vida,
mostra uma indiferença perante os homicídios nos campos de concentração,
preocupada que está consigo própria.
Acredito
que tenham existido muitas Hannelores e muitas mulheres que colaboraram ou
compactuaram com os maridos e com os crimes por estes cometidos durante a
Segunda Guerra.
A
última parte deste livro foi a que mais gostei, pois é o momento em que se
aborda mais a temática da guerra. O final é também surpreendente em relação à
personagem Hannelore, ainda que, em momento algum, ela tenha perdido o seu mau
caráter, a sua arrogância e maldade. Uma mulher simplesmente detestável!
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