Cartas Vermelhas, Ana Cristina Silva

Silva, Ana Cristina (2011). Cartas Vermelhas. Alfragide: Oficina do Livro.

Nº de páginas: 272

Início da leitura: 01/08/2022

Fim da leitura: 02/08/2022

**SINOPSE**

Plano Nacional de Leitura

Livro recomendado para a Formação de Adultos, como sugestão de leitura.

Nascida em Cabo Verde de família branca e abastada, Carol nunca se resignou à miséria das ilhas. E, movida pelo sonho de construir uma sociedade mais justa, ingressou ainda jovem no Partido Comunista. Não se importando de usar a beleza como arma ideológica, abraçou a luta revolucionária, apaixonou-se por um camarada e ficou grávida pouco antes de ser presa. Foi a sua mãe quem tratou de Helena nos primeiros tempos, mas, depois de libertada, Carol levou-a para Moscovo, onde trabalhou nas mais altas esferas do Comintern. Aí, o contacto com as purgas estalinistas não chegou para abalar as suas convicções, mas o clima de denúncia e traição catapultou-a para o cenário da Guerra Civil espanhola, obrigando-a a deixar Helena para trás; e, apesar de ter escapado aos fuzilamentos franquistas, a eclosão da Segunda Guerra Mundial impediu Carol de voltar à União Soviética para ir buscar a criança. Será apenas vinte anos mais tarde que mãe e filha se reencontrarão em Berlim; mas a frieza e o ressentimento de Helena farão com que, na viagem de regresso a Lisboa, Carol decida escrever um romance autobiográfico com o qual a filha possa, se não lhe perdoar, pelo menos compreender as circunstâncias do abandono, a clandestinidade, a prisão, a guerra, a espionagem e o inconcebível casamento com um inspetor da polícia política. Inspirado na vida de Carolina Loff da Fonseca, este romance extremamente empolgante vai muito além dos factos, confirmando Ana Cristina Silva como uma das mais dotadas autoras de romance psicológico em Portugal.

Esta é uma história ficcionada a partir de factos reais da vida de Carolina Loft, protagonista deste romance. Resultou de pesquisas da autora, que serviram de ponto de partida para este livro de ficção.

Numa escrita elegante e cuidada, Ana Cristina Silva conta-nos a vida de Carol, que, desde muito cedo, ainda em Cabo Verde, onde passou a sua infância, se apercebe de que os seus sonhos são mais altos e não quer viver reduzida à miséria das ilhas, onde o povo “não era formado por gente, mas por silhuetas famintas que se moviam lentamente.”

Carol vê-se obrigada a crescer com a morte da irmã, pois foi graças a ela e à sua força de vontade e apoio, que a mãe conseguiu sobreviver, “como se estivesse na sua mão reparar o luto da mãe”. Com 12 anos “via-se a viver num tempo de mudanças, em que invariavelmente assumia o papel de heroína”. Nunca cruzou os braços. Começou por procurar apoio na Igreja, que acaba por dececioná-la. Passa a interessar-se pela literatura, contactando com Zola, Vítor Hugo e Balzac, “que exaltavam a necessidade de terminar com servidões injustas e evitar misérias desnecessárias…”

Viaja para Lisboa, para prosseguir os seus estudos. Aí abraça a causa comunista, lendo Marx e Lenine, o que lhe permite subir hierarquicamente na hierarquia. Envolve-se amorosamente com um camarada. Engravida e dessa relação nasce Helena, uma filha que acaba por abandonar com apenas 4 anos, em Moscovo, quando se vê envolvida na Guerra Civil Espanhola. Quando pensa regressar para ir buscar a filha, vê-se impedida de o fazer devido à eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Ainda que bem escrito, reconheço que não entendi nem concordo com algumas das decisões da protagonista.

E mais não conto, se bem que a sinopse nos diga tudo. Recomendo a leitura!

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