Meninas Sem Nome, Serena Burdick

Burdick, Serena (2020). Meninas Sem Nome. Alfragide: Edições ASA II.

Tradução: Joana Koehler

Nº de páginas: 384

Início da leitura: 06/08/2022

Fim da leitura: 07/08/2022

SINOPSE

Effie e Luella Tildon são duas irmãs privilegiadas e pouco habituadas à dureza das ruas de Nova Iorque. Mas perto da mansão da família, ergue-se a sombria House of Mercy, o lar austero onde as raparigas rebeldes da cidade são internadas. As irmãs crescem sem nunca se esquecerem de que nada - nem mesmo uma fortuna como a delas - lhes dará a liberdade de quebrarem as regras.

Effie nasceu no dia 1 de janeiro de 1900 com um coração imperfeito, um problema que deveria ter-lhe custado a vida na infância. No entanto, aos 13 anos, é uma menina cheia de imaginação e força de vontade, surpreendendo todos com o seu coração que teima em bater. A irmã mais velha, Luella, é bailarina como a mãe e sonha com uma vida diferente e menos convencional.

Quando as irmãs descobrem um segredo chocante sobre o pai, a ânsia de liberdade de Luella intensifica-se e a jovem torna-se cada vez mais ousada. Mas a sua rebeldia tem consequências e um dia ela desaparece misteriosamente. Destroçada, Effie traça um plano para resgatar a irmã, que acredita ter sido enviada para a House of Mercy por ordem do pai. Uma vez lá dentro, o que descobre deixa-a desesperada. Agora, fugir é impossível, e Effie necessitará de toda a sua força e coragem para sobreviver, pondo o coração e a esperança à prova.

Meninas Sem Nome dá vida a uma Nova Iorque no início do século XX, uma cidade prodigiosa em que as sufragistas marchavam nas ruas, os trabalhadores lutavam por melhores condições - mas a rebeldia das mais jovens era punida com a prisão na House of Mercy.

Gostei muito deste romance que é um drama familiar.

Tudo começa com uma família, com duas filhas, Luella – uma jovem corajosa e decidida e Effie, uma menina de 13 anos, doente e que vai contrariando os prognósticos iniciais, relativamente ao tempo que haviam previsto para a sua morte. Filhas de uma família abastada, mas infeliz, procuram, em todos os momentos em que conseguem escapar, um pouco de felicidade, num acampamento cigano. Temem ser apanhadas pelos pais e serem, como era hábito a raparigas que mostravam comportamentos reprovadores, enviadas para uma casa para mulheres desamparadas e “perdidas”, em Manhattan, a House os Merci. Curiosamente, esta casa existiu e encarcerava as mulheres, que eram submetidas a trabalhos forçados e isoladas numa cave à mínima infração.

Quando Luella e Effie surpreendem o pai a beijar uma mulher, traindo assim a mãe, Luella reage mal e acaba por fugir com um rapaz do acampamento que frequentavam. Os pais dizem a Effie que ela fora para um campo de férias. Porém, Effie sabe que a sua irmã nunca iria de livre vontade para um campo de férias e, como os pais já a tinham ameaçado, que a colocavam no reformatório para jovens, resolve ir atrás dela e acaba por entrar na instituição com um nome falso. Mas não será fácil sair de lá, quando se apercebe que a irmã não se encontra onde supunha. Afinal, mesmo que os pais a procurem, o nome que deu não é o dela...

A partir daqui a vida de Effie muda completamente.

Entretanto, cruzam-se outras histórias, da infância da mãe, de Edna e Mable, que conhece na House os Merci. É interessante o facto de a narrativa ser conduzida alternadamente por Effie, a mãe e a amiga Mable, o que nos permite recolher mais informações e formas de ver/compreender os acontecimentos.

Gostei muito de toda a história, da força narrativa e do ritmo que me prendeu do início ao fim. Aconselho!

0 Comentarios