Mankel, Henning (2012). Sapatos Italianos. Lisboa: Editorial Presença.
Tradução:
Fátima Andrade
Nº de páginas:
288
Início da leitura:
30/08/2022
Fim da leitura:
31/08/2022
**SINOPSE**
Henning
Mankell afasta-se do género policial a que já nos habituou para refletir neste
romance sobre temas como o amor, a perda, a redenção e a autodescoberta.
Fredrik Welin passou os últimos doze anos da sua vida numa ilha do Báltico rodeada de gelo, tendo como única companhia o seu cão e a sua gata, e como única visita o carteiro. Um dia, vê uma figura aproximar-se e percebe que nada voltará a ser o mesmo. A pessoa que vem perturbar o seu exílio autoimposto é Harriet, a mulher que ele abandonou sem qualquer explicação há quase quarenta anos. Harriet diz vir obrigá-lo a honrar uma promessa que ele lhe fizera, mas Fredrik está prestes a descobrir que o seu reaparecimento esconde outra surpresa...
Gostei
deste livro. Fugindo ao género habitual do autor – os policiais, este é um
romance mais introspetivo, e gostei precisamente disso.
O
protagonista, Fredrik Welin vive numa ilha do Báltico, numa profunda solidão,
tendo por únicas companhias os seus animais e, de quando em vez a visita do
carteiro que, sabendo que ele era médico e sendo o carteiro hipocondríaco,
depressa o torna no seu médico pessoal. Diariamente, Fredrik faz um buraco no
gelo para um banho matinal nas águas geladas. Porém, tirando estes hábitos
pouco comuns e a questão que se nos coloca logo no início: «o que faz um médico
numa ilha deserta?», pouco sabemos sobre esta personagem. Parece fugir de
alguma coisa, mas o quê realmente?
Mas
se não regressamos ao passado, por vezes é ele que vem ter connosco e foi o que
sucedeu a Fredrik. Num dos seus banhos matinais, vislumbra a imagem de uma
mulher, no seu andarilho, perto dele. Foge para casa e pega nos binóculos:
afinal, não fora uma visão (partida que a solidão às vezes prega), mas sim
Harriet, a mulher que ele abandonara há cerca de 40 anos. E, se é realmente
ela, o que fará ali?
É
a partir daqui que Fredrik inicia uma viagem de regresso ao passado, a todos os
segredos que não chegou a conhecer, a uma luta com o consciente e com a noção
de tudo o que ficou perdido nas malhas do tempo, a uma procura ontológica de
autodescoberta e de procura de um novo sentido para a vida.
E
qual a razão para ter fugido, inclusive da profissão que amava, a medicina
cirúrgica?
Já
agora, qual a razão para o título da obra, Sapatos Italianos?
Para
obter as respostas a todas estas perguntas, nada melhor que ler e acompanhar o
narrador, a quem o autor congratulou com um discurso fluído, sereno e
enternecedor, como uma viagem física e interior.
Aconselho!
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