Luto, Eduardo Halfon

Halfon, Eduardo (2021). Luto. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Tradução: José Teixeira de Aguilar

Nº de páginas: 112

Início da leitura: 05/08/2022

Fim da leitura: 05/08/2022

**SINOPSE**

Prémio do Melhor Livro Estrangeiro (França)

Prémio Edward Lewis Wallant (EUA)

Prémio Internacional do Livro Latino (EUA)

Prémio das Livrarias de Navarra (Espanha)

Halfon viaja até à velha casa dos avós, nas margens do lago de Amatitlán, onde em criança costumava passar os fins de semana antes de a família se transferir para a Florida, devido à violenta situação política vivida na Guatemala em princípios da década de 1980. A partir do momento em que pisa o Amatitlán, tudo aquilo que o cerca desencadeia um turbilhão de memórias de infância — algumas ligadas à sua infância na Guatemala, outras dos primeiros anos passados nos Estados Unidos.

Em subtis, mas magistrais pinceladas, as recordações de Halfon vão-se conjugando aos poucos para desvendar segredos familiares profundos: a história de Salomón ou, talvez mais rigorosamente, a ausência dessa história, uma vez que ninguém na família falava abertamente dele. E aos poucos começamos a ver as informações dispersas que Halfon conseguiu reunir em criança.

Com Luto, traduzido por José Teixeira de Aguilar, Eduardo Halfon regressa ao universo que tem vindo a construir há anos em torno da personagem chamada Eduardo Halfon — que pode ou não ser o autor — e da história da sua família. Desta feita, centra-se no lado paterno da família: emigrantes judeus libaneses que se radicaram nos Estados Unidos e na Guatemala.

Este é um livro pequeno, mas bastante intenso, se bem que, no meu entender, a história pudesse ter sido mais desenvolvida pelo autor.

O narrador regressa a casa dos avós e às margens do rio Amatitlán, onde terá passado longos tempos nas suas férias, durante a infância. Este rio esconde segredos de família e a forma como é recordado pelo narrador prende-se com as memórias que foi guardando e explicações que foi formando para a estranha morte de um tio seu, Salomón, com apenas 5 anos. Ninguém falara mais do assunto, a família nunca mais relembrara Salomón, mas na memória do narrador ficou bem vincada uma trágica morte por afogamento no rio. Mas como a memória da infância é traída pela imensa criatividade que marca essa época, o narrador resolve procurar informações mais precisas e completas sobre o que de facto sucedeu. E enquanto investiga sobre o irmão do pai, vai-se construindo um jogo de memórias soltas, que se espelham entre a realidade e a imaginação que estiveram na base da criação de memórias. E o que é, de facto real? O que é fruto da imaginação? Para responder a estas questões e perceber o que sucedeu realmente ao tio do narrador, aconselho a leitura.

Uma vez que a narrativa não se constrói por capítulos e vão-se alternando várias épocas temporais, aconselho ume leitura atenta.

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