O Mapeador de Ausências, Mia Couto

Couto, Mia (2020).  O Mapeador de Ausências.  Alfragide: Editorial Caminho.

Número de páginas: 416

Início da leitura: 22/08/2022

Fim da leitura: 24/08/2022

**SINOPSE**

Diogo Santiago é um prestigiado e respeitado intelectual moçambicano. Professor universitário em Maputo, poeta, desloca-se pela primeira vez em muitos anos à sua terra natal, a cidade da Beira, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019, para receber uma homenagem que os seus concidadãos lhe querem prestar.
Mas o regresso à Beira é também, e talvez para ele seja sobretudo, o regresso a um passado longínquo, à sua infância e juventude, quando ainda Moçambique era uma colónia portuguesa. Menino branco, é filho de um pai jornalista e sobretudo poeta, e de uma mãe toda sentido prático e completamente terra-a-terra. Do pai recorda o que viveu com ele: duas viagens ao local de terríveis massacres cometidos pela tropa colonial, a sua perseguição e prisão pela PIDE, mas sobretudo, e em tudo isto, o seu amor pela poesia. Mas recorda também, entre os vivos, o criado Benedito (agora dirigente da FRELIMO) e o seu irmão Jerónimo Fungai, morto a tiro nos braços da sua amada, a bela e infeliz Mariana Sarmento, o farmacêutico Natalino Fernandes, o inspector da PIDE Óscar Campos, a tenaz e poderosa Maniara, e muitos outros; e de entre os mortos sobressaem o régulo Capitine, que vê uma mulher a voar.

**OPINIÃO**

Neste livro, o autor regressa à infância em Moçambique, através da personagem ficcional Diogo Santiago, um escritor, professor em Maputo, que regressa à Beira em 2019 para ser homenageado. As razões da viagem acabam por ser outras e tornam-se reveladoras do seu passado, infância e juventude. 

Nesta viagem, o autor inspira-se no pai português,  "um homem ingénuo a quem entregam provas de um massacre cometido pelas tropas portuguesas em Moçambique no ano de 1973." 

Na Beira, Diogo conhece Liana, com quem se envolve amorosamente,  possuidora de documentos da PIDE sobre as atividades "reprováveis" do pai de Diogo.

A narrativa, não sendo tão poética como a dos restantes livros do autor, é intensa, repleta de acontecimentos, marcada por diálogos e cartas que a tornam riquíssima.  As personagens cativam, surpreendem e tornam-se inesquecíveis. 

Recomendo.

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