Empúsio, OlgaTokarczuk

Tokarczuk, Olga (2022). Empúsio. Lisboa: Cavalo de Ferro.

Tradução:  Teresa Fernandes Swiatkiewicz

Nº de páginas: 344

Início da leitura: 12/08/2024

Fim da leitura: 14/08/2024


**SINOPSE**

"Setembro de 1913. Mieczyslaw Wojnicz, estudante de Engenharia de Lviv, chega à cidade termal de Görbersdorf, na Baixa Silésia, sede de um dos mais famosos sanatórios da Europa e do mundo. É aqui, no sopé das montanhas, beneficiando de métodos inovadores, que espera travar a progressão da sua tuberculose. Na Hospedaria para Cavalheiros onde reside, doentes oriundos de Viena, Königsberg, Breslau e Berlim juntam-se ao serão para tomar um cálice do retemperante licor Schwärmerei e filosofar sobre a natureza do mundo e de Deus, a política, ou o papel das mulheres. Contudo, não são só as grandes polémicas intelectuais da época que ocupam a mente destes homens. Há notícias de corpos sem vida encontrados mutilados na floresta circundante, dando a ideia de que forças obscuras estão à espreita escolhendo o seu próximo alvo.

Livro que marca o regresso de Olga Tokarczuk ao romance após a atribuição do Prémio Nobel de Literatura em 2019, Empúsio - amálgamalinguística de Empusa, figura mitológica grega, e Simpósio - pode ser lido como um diálogo com a grande tradição literária europeia e os seus dogmas, em particular com A Montanha Mágica, de Thomas Mann, apresentando um protagonista que se revela símbolo de resistência e de anseio por um mundo radicalmente diferente."

Görbesdorf é, em 1913, uma estância termal, na Baixa Silésia, conhecida pelos poderes curativos da tuberculose. É também um local prazeroso, pela beleza e imponência das montanhas envolventes e místico, pelas crenças e acontecimentos inexplicáveis. Neste local, na hospedaria para cavalheiros, conhecemos o protagonista, Mieczyslaw Wojnic que, com os outros pacientes, participa de longos diálogos filosofais sobre a natureza do mundo, de Deus, da mulher, da política, da arte (pintura e música). São doentes oriundos de vários países e a intensidade dos seus diálogos remeteu-me para a obra As Velas Ardem Até ao Fim, deSándor Márai. É, afinal, um diálogo entre a figura mitológica grega - Empúsio e os dogmas - Simpósio.
A epígrafe é do Livro do Desassossego, do nosso Fernando Pessoa.
De destacar que a essência do homem se mostra, de uma maneira geral, violenta e animalesca, que mancha a aparente calma da estância termal. Poderá alguém diferente e sensível ser aceite neste meio?
Adoro a forma como a autora escreve, as longas descrições que me permitem visualizar todos os locais descritos e conhecer as personagens, que se tornam reais, convivendo com o leitor e as reflexões que me lembram o existencialismo. Imperdível para quem gosta do género.
Deixo uma passagem:
"De qualquer forma, é em nós que reside o sentimento de desvalorização, a convicção de que a nós nos falta algo que todos os outros têm. Ao longo das nossas vidas, temos de lidar com este sentimento de inferioridade, superá-lo ou atrelá-lo à carruagem das nossas ambições..." (cap. XV).

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