O Colecionador de Ruas, Ana Gonçalves

Gonçalves, Ana (2023). O Colecionador de Ruas. Lisboa: Astrolábio Edições.

Nº de páginas: 208
Início da leitura: 01/07/2024
Fim da leitura: 02/07/2024

**SINOPSE**
"Pedro, um menino de rua que de seu nada tem, a não ser o nome, e Douro, um cão abandonado, estão destinados, desde o dia em que decidiram ser família, a cruzar-se com o conceituado chef Henrique e o enigmático Velho do Marquês, pelas ruas da cidade do Porto. São elas, em jeito de premonição, as testemunhas dos encontros e desencontros das suas histórias de vida, tão belas quanto trágicas.

Abril, um mês, cujas manhãs se cobrem por uma luz excessivamente branca que fere os olhos e o coração de quem já tem os olhos em choro. É nele que a dor que todos conhecem se torna mais intensa e inesperada, retirando-lhes o conforto de quem há muito tempo já é só e já é triste.

O novo livro de Ana Gonçalves é, assim, o primeiro de uma trilogia intitulada o Colecionador de Ruas que apresenta como mote principal a manifestação da dor como o único elemento capaz de unir o Homem para além dos seus propósitos individuais."
Só não dou 5 estrelas a este livro, pelo facto de a autora ter escrito mal o nome da nome querida poetisa, Sophia de Mello Breyner Andresen (não Andersen).
Tirando este erro, o livro é muito bom e, apesar do tema duro da vida de um menino na rua (Pedro), o tema é retratado com poeticidade e com uma candura que nos revela uma criança dócil e ingénua, apesar da máscara dura que teve necessáriamente de criar para sobreviver num mundo tão cruel como este. Aqui se retrata a perda, a luta pela sobrevivência, a amizade inabalável entre uma criança e o seu cão, o conceito de conforto de uma casa de uma pessoa que vive na rua (tão discrepante do natural conceito de casa), a violência, a dor, as lágrimas, a ideia de que é ele o culpado por qualquer dor infligida aos que lhe são mais próximos, o espírito de entrejuda e humanismo do chef Henrique, que decide ajudar Pedro, juntamente com os seus filhos, a sensibilidade...
Um livro comovente e que muita gente que se diz humana (sem o ser verdedeiramente) devia ler. Recomendo!

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