Couto, Mia (2012).
A Confissão da Leoa. Lisboa: Editorial Caminho.
Nº de páginas:
272
Início da
leitura: 26/05/2022
Fim da leitura:
27/05/2022
**SINOPSE**
Um
acontecimento real - as sucessivas mortes de pessoas provocadas por ataques de
leões numa remota região do norte de Moçambique - é pretexto para Mia Couto
escrever um surpreendente romance. Não tanto sobre leões e caçadas, mas sobre
homens e mulheres vivendo em condições extremas.
A
Confissão da Leoa é bem um romance à altura de Terra Sonâmbula e Jesusalém, já
conhecidos do leitor português.
Numa
linguagem cuidada, metafórica, e poética, tão ao jeito de Mia Couto, somos
transportados para África, mais especificamente para Kulumani, uma aldeia que
vive atemorizada por leões, que têm vindo a atacar as mulheres. Arcanjo Baleiro
é o caçador incumbido de matar os leões que assume, parte da narração. É
acompanhado, da cidade à aldeia, de um escritor, Gustavo Regalo, incumbido de
escrever sobre a caçada. Para o caçador, é um regresso a um espaço onde, 16
anos antes, salvara uma jovem, Miramar, de uma violação.
Mariamar,
que também assegura a narrativa, com o regresso do caçador, enclausura-se em
casa, onde vai divagando nas suas memórias, remetida à sua condição de nascida
morta. Mas a morte não poderá ser uma forma de renascer?
Este
é o ponto de partida desta história, que é muito mais do que sobre a caça a uma
série de leões assassinos. É o ponto de partida para, partindo de vivências e
pessoas reais, criar uma narrativa onde se evocam superstições, onde se
denunciam situações de abuso do poder masculino, de abusos sexuais de pais em
relação às filhas, a alienação, a desumanização, a existência feminina remetida
à morte ao nascer, a anulação da existência feminina, a violência contra as
mulheres, quer através de rituais de submissão ao poder masculino, quer porque alguma
ousava pisar espaços destinados aos homens.
Aconselho
a leitura!
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