O Apicultor de Alepo, Christy Lefteri

Lefteri, Christy (2019). O Apicultor de Alepo. Alfragide: ASA II.

Tradução: Hugo Gonçalves

Nº de páginas: 320

Início da leitura: 28/04/2022

Fim da leitura: 30/04/2022

**SINOPSE**

Nuri é apicultor; a sua mulher, Afra, uma artista. Vivem uma vida simples, com uma bela família e amigos, na bonita cidade Síria de Alepo. Até que o impensável acontece. Quando tudo aquilo que lhes importa é destruído pela guerra, são forçados a fugir.

Mas aquilo que a Afra viu é tão horrível que ela fica cega, e por isso embarcam numa perigosa viagem pela Turquia e Grécia, até ao futuro incerto no Reino Unido. Na travessia, o Nuri agarra-se à esperança de reencontrar o seu primo Mustafa, e sócio nos negócios, que criou apiários na Inglaterra e que ensina apicultura aos refugiados em Yorkshire. Nuri e Afra viajam por um mundo despedaçado e têm de confrontar a indizível dor da sua perda, enquanto enfrentam perigos que assustariam a mais corajosa das almas.

Acima de tudo — e talvez esta seja a coisa mais difícil que eles enfrentam —, têm de se encontrar um ao outro. Comovente, poderoso, escrito com enorme beleza e compaixão, O apicultor de Alepo é um testemunho do triunfo do espírito humano. Contado de uma forma clara, é o tipo de livro que nos recorda o poder das boas histórias.

Esta é uma história duríssima, mas necessária. Se já vamos tendo um ínfimo conhecimento das atrocidades da II Guerra Mundial, graças a pessoas que as vivenciaram e humildemente partilharam connosco para que não se voltem a repetir, reconheço que tinha ainda algum desconhecimento, fora do que ia sendo noticiado, sobre a guerra na Síria. Muita crueldade, muito terror, muitas doenças provocadas pelo choque de se perderem entes queridos.

A autora trabalhou em Atenas como voluntária num centro para refugiados e, percebendo que estas pessoas queriam partilhar com ela as suas histórias, que as crianças desenhavam balões, árvores e cadáveres, marcaram-na a ponto de, ao regressar a Londres, não conseguir esquecer-se das atrocidades descritas. Este romance foi a forma que encontrou para contar essas histórias, preservando as identidades. As personagens foram ficcionadas a partir de acontecimentos e pessoas reais.

Acompanhamos as personagens, sempre na expetativa de as ver libertarem-se de todos os horrores, por isso, sofremos com elas. Mas também nos congratulamos com as pequenas conquistas e com o amor que é a âncora da sobrevivência e da renovação.

Aconselho vivamente!

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