Allende, Isabel (2022). Violeta. Porto: Porto Editora.
Tradução: Carla
Ribeiro
Nº de páginas:
360
Início da
leitura: 03/05
Fim da leitura:
05/05
**SINOPSE**
Violeta
del Valle é a primeira rapariga numa família de cinco irmãos truculentos. Nasce
num dia de tempestade, em 1920, quando ainda se sentem os efeitos devastadores
da Grande Guerra e a gripe espanhola chega ao seu país natal, na América do
Sul.
Graças
à ação determinada do pai, a família sairá incólume desta crise, apenas para
ter de enfrentar uma outra: a Grande Depressão. A elegante vida urbana que
Violeta conhecia até então muda drasticamente. Os Del Valle são forçados a
viver numa região selvagem e remota, onde Violeta atinge a maioridade e viverá
o primeiro amor.
Décadas
depois, numa longa carta dirigida ao seu companheiro espiritual, o mais
profundo amor da sua longa existência, Violeta relembra desgostos amorosos e
apaixonadas relações, momentos de pobreza e de prosperidade, perdas terríveis e
alegrias imensas. A sua vida será moldada por alguns dos momentos mais
importantes da História: a luta pelos direitos da mulher, a ascensão e queda de
tiranos, os ecos longínquos da Segunda Guerra Mundial.
Contado a partir do olhar de uma mulher determinada, de paixões intensas, com uma vida plena de sobressaltos, Violeta é um romance épico, inspirador e emotivo, ao melhor estilo de Isabel Allende.
Violeta
del Valle nasce em 1920, quando a pandemia por Gripe Espanhola chega ao seu
país, na América do Sul e morre em 2020, durante a pandemia por COVID19. Cem
anos de muitas vivências e memórias que deixa registadas, em cartas, para serem
entregues ao neto Camilo, com o testamento. Um testamento repleto de memórias.
Acompanhamos Violeta, desde o seu nascimento, a rebeldia e amuos da infância, o
crescimento que a fez amadurecer no momento em que, devido à Grande Depressão,
teve de se refugiar numa fazenda distante na qual aprendeu a trabalhar a terra.
Torna-se numa jovem forte, mas o amor é capaz de mostrar as nossas maiores
fraquezas. Ainda assim, revela-se determinada e acaba por ir revelando um
crescimento psicológico ao longo da ação que faz dela uma mulher mais
compreensiva, mais esclarecida e socialmente mais interventiva.
Como
nos é dito no livro “A viagem da vida faz-se de longos troços entediantes,
passo a passo, dia a dia, sem que nada de impressionante aconteça, mas a
memória é feita dos acontecimentos inesperados que marcam o trajeto. São esses
que vale a pena narrar.”
E
esses acontecimentos prendem-nos à história. Uma história feita de histórias e
de temáticas bastante interessantes e magistralmente bem escritas: a ausência da
mãe mesmo que presente (quantas não há assim?), a violência doméstica, o vício
da droga, a prostituição, a perda de uma filha, as crises políticas, a violência,
a homossexualidade feminina, os movimentos feministas, a evolução social, a
crise económica…. Muitos são os temas abordados.
Destaco,
ainda, o momento em que Violeta diz “Nada me ligava a ele, não precisava dele,
era livre e sustentava-me sozinha, mas foram precisos anos para eu acabar com
esse abuso. Medo? Sim, havia temor, mas também insegurança, dependência
emocional, inércia e a regra do silêncio que me impedia de falar do que se
passava comigo; isolei-me.”
Uma
forma tão direta de descrever o que se passa, ainda hoje, com tantas mulheres
vítimas de abusos! Vale a pena refletir. Como é que uma mulher determinada, com
sucesso nos negócios se deixa enredar nas teias de um amor que só lhe traz
instabilidade, sofrimento e violência?
E
muitos, muitos outros acontecimentos nos são aqui narrados. Afinal, trata-se de
uma vida plena, de 100 anos.
Aconselho
a leitura!
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