A Desobediente - Biografia de Maria Teresa Horta, Patrícia Reis

Reis, Patrícia (2024). A Desobediente - Biografia de Maria Teresa Horta. Lisboa: Contraponto.

Nº de páginas: 424
Início da leitura: 28/05/2024
Fim da leitura: 01/06/2024

**SINOPSE**
"A dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão-de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.

Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz activista de uma jovem que há-de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa actividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem.
Gostei muito desta biografia. Primeiro pela grande mulher e escritora biografada. Segundo, porque muito bem documentada, ao que acresce a amizade entre a Patrícia Reis e Maria Teresa Horta, que permitiu a realização de entrevistas que foram uma mais-valia para a construção de uma narrativa fidedigna. Finalmente, porque gosto da escrita despojada de artificialismos e elegante de Patrícia Reis. 
O facto de Maria Teresa Horta ser uma mulher de convicções fortes, tanto na sua escrita como no jornalismo, valeram-lhe alguns problemas. Portugal não estava (e será que já está?) preparado para a forma de pensar, a necessidade sempre premente de dizer o que pensa, de ter uma voz ativa e de lutar pela liberdade das mulheres, de Maria teresa Horta. Portugal não estava preparado e demorou a perceber o talento desta poetisa. Acredito que quem ler esta biografia terá vontade de ler todas as obras que ainda não leu da autora. Recomendo muito este livro!

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