Maus Hábitos, de Alana S. Portero

 Portero, Alana S. (2024). Maus Hábitos. Lisboa: Alfaguara Portugal.

Tradução: Helena Pitta
Nº de páginas: 248
Início da leitura: 20/06/2024
Fim da leitura: 22/06/2024

**SINOPSE**
"Um desafio a corações empedernidos: assim é Maus Hábitos, a história lírica e feroz de uma menina presa num corpo de rapaz, desbravando o caminho rumo à sua identidade, à revelia de tudo e de si mesma.

«Eu, menina esperta, maricas encoberta, gaga, gorducha, com uma pala a cobrir-me o olho esquerdo e uns óculos maiores do que o desejável, era o oposto da imagem de uma pequena endiabrada […]. Quando os adultos olhavam para mim, achavam-me engraçada ou sentiam um pouco de pena, nada grave […]. Dava-me conta disso e aprendi a usá-lo a meu favor. Conseguia pensar em termos cruéis. A consciência de que necessitamos de um armário para nos escondermos torna-nos espertíssimos.»
Este romance leva-nos numa travessia pelo território mais íntimo da natureza humana — uma travessia da qual não saímos incólumes. Maus Hábitos é a história do encontro de uma pessoa consigo mesma, alguém que nasce no corpo errado, no lugar mais triste e sem futuro, num tempo desolado. Pela mão da protagonista, vamos até à sua infância em San Blas — um bairro operário suburbano e dizimado pela heroína nos anos oitenta —, passamos pela adolescência selvagem nas noites clandestinas de Madrid e chegamos ao raiar do milénio, quando a promessa de liberdade é soterrada por um episódio de insuportável violência. Contudo, das cicatrizes mais fundas há de emergir não a redenção, mas a esperança."
Esta não é uma história que se leia de ânimo leve. Num tom acutilante e certeiro, a autora aborda a temática da transexualidade, num contexto social operário de Madrid, no final dos anos 80, época que se confronta com a diferença, com com a transexualidade como doença e algo que deve ser punido com violência gratuita, com a SIDA e outras questões que começam a despoletar.
A protagonista deste livro é uma menina no corpo de um rapaz, que se vê forçada a esconder por detrás da porta da casa de banho os seus sonhos femininos e a disfarçar a sua essência com comportamentos masculinos com os quais não se identifica, mas que lhe servem de máscara social.

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