NG, Celeste (2014). Tudo o Que Ficou Por Dizer. Alfragide: Edições ASA.
Nº de Páginas:
248
Início da
leitura: 06/07/2021
Fim da leitura:
09/07/2021
Tudo
o que Ficou por Dizer é
um romance escrito pela norte americana Celeste Ng, traduzido por Cristina
Correia.
Sinopse
«"Lydia
morreu. Mas eles ainda não sabem."
Começa
assim o avassalador romance de Celeste Ng. É de manhã, a família desperta para
o pequeno-almoço. O pai, a mãe, o filho mais velho e a filha mais nova. Há,
porém, um lugar vago à mesa e um silêncio que pesa. A filha do meio, a favorita
dos pais, está ausente.
Como
morreu, ou porque morreu, é para já um enigma. Há um inquérito, dúvidas,
suspeitas e acusações. E uma teia delicada de dramas antigos, de segredos, que
se vão desvendando pela voz (e pelo olhar) de cada um dos elementos da família.
Apaixonamo-nos por eles, tão expostos (e tão frágeis) nesse momento de perda.
Conhecemos a mãe, loura e de olhos azuis, que abandonou o sonho de uma vida
pela filha - a quem depois virá a exigir o impossível. O pai, de ascendência
chinesa, que projeta na única filha de traços ocidentais a sua própria
integração na América. E conhecemos os irmãos de Lydia, a quem foram dadas
apenas as sobras do amor - mas que nem por isso deixaram de a amar.
Tudo
o que Ficou por Dizer é um romance pungente, narrado numa voz terna, por vezes
poética, sempre precisa. É uma obra sobre os não-ditos, os abismos que se abrem
nas famílias, os esquecimentos do amor. E sobre esse enorme mistério chamado
Lydia, que na hora da sua morte ofereceu à família, por fim, uma hipótese de
redenção.»
Opinião: Inicialmente, pensei que se tratava de
um thriller. Porém, à medida que fui lendo, apercebi-me que é um drama
familiar. Mas não é um drama familiar lamechas, antes pelo contrário. Este
livro é forte, duro e faz-nos refletir. Esta família sui generis, que começou
com um casamento que nunca foi aceite pela avó materna de Lydia (que nunca
chegou sequer a saber da existência dos netos), tem uma vida que, provavelmente,
muitos têm, com as dúvidas, o questionamento do papel de cada um no seio
familiar, a transposição dos sonhos dos pais para os filhos (ignorando ou
fazendo por ignorar que isso os poderá tornar muito infelizes), a distinção entre
os filhos, as dúvidas existenciais, as dúvidas no casamento, as relações
extraconjugais, as relações e opções sexuais… A história começa precisamente
pelo fim: a Lydia, uma das filhas do casal, morreu. A partir daí, alternando
tempos da narrativa, vamos tentando perceber se houve um crime e o que poderá
ter provocado a morte de Lydia. Num ritmo por vezes lento, outras vezes rápido,
integramos esta família para a acompanharmos nos seus dramas. É fácil tentar
percebê-las, de tão verosímeis que são as personagens. Numa escrita agradável,
surge um drama bem articulado e que, muitas vezes, nos choca e nos faz pensar
como os pormenores podem ser fundamentais no seio familiar. Muitas vezes,
pensamos que conhecemos bem as pessoas, que cuidamos delas, que as vemos. Mas
será assim?
Aconselho
a leitura deste livro, que não me deixou indiferente.
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