Ruiz Zafón, Carlos (2020). A Cidade de Vapor. Lisboa: Planeta.
Nº de páginas: 224
Início da
leitura: 25/07/2021
Fim
da leitura: 26/07/2021
A
Cidade de Vapor, Todos os Contos é
o livro póstumo de Carlos Ruiz Zafón, composto por 11 contos inéditos do autor,
Sinopse:
«Sou
capaz de evocar rostos de miúdos do Barrio de la Ribera com que por vezes
brincava ou lutava na rua, mas nenhum que me quisesse resgatar do país da
indiferença. Nenhum, exceto o de Blanca.»
Um
rapaz decide tornar-se escritor ao descobrir que as suas invenções despertam um
pouco mais de interesse por parte da menina rica que lhe roubou o coração.
Um arquiteto foge de Constantinopla com os planos de uma biblioteca
inexpugnável. Um estranho cavaleiro tenta Cervantes a escrever um livro como
nunca existiu. E Gaudí, a caminho de um misterioso encontro em Nova Iorque,
deleita-se com a luz e o vapor, a matéria de que deveriam ser feitas as
cidades.
O
eco das grandes personagens e temas dos romances de Cemitério dos Livros
Esquecidos ressoa nos contos de Carlos Ruiz Záfon.”
Opinião:
Apesar
de não ter lido todos os livros da série Cemitério dos Livros Esquecidos – A
Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O
Labirinto dos Espíritos, de que li apenas o primeiro, A Sombra do Vento,
gostei muito deste livro de contos. Sinto, contudo, que poderei voltar a reler
depois de ler a tetralogia, apenas para conhecer mais profundamente as
personagens que me despertaram já a atenção nos contos e que, pelo que li,
completam a série Cemitério dos Livros Esquecidos. Conhecia, no entanto, outros
livros do autor, tendo lido O Príncipe da Neblina, O Palácio da
Meia-Noite e Marina.
Em
todos os seus contos, perpassa a importância dos livros, dos contadores de
histórias, situando-as na Barcelona dos heróis e vilões, do crepúsculo e do
gótico.
Gostei
de todos os contos, se bem que alguns me tenham marcado mais. É o caso de “Blanca
e o Adeus”, cujas personagens infantis me captaram desde logo a atenção, a
capacidade de o narrador (David Martín) improvisar histórias, que contava a
Blanca, a quem ele chama de a sua “primeira leitora”. O próprio facto de o
padre compactuar com os encontros entre eles, em troca de uma ajuda na
sacristia, todo o enigma que envolve Blanca, tão ao jeito de Zafón, o tornam
num conto cativante. O conto “Uma Rapariga de Barcelona”, Laia, vendida pelo
pai, uma história macabra e sombria, tipicamente gótica. Em “O Príncipe de
Parnaso” reencontrei Daniel Sempere, o livreiro de A Sombra do Vento
através do antepassado Antoni Sempere. Neste conto, surge, como diz o próprio narrador,
“a história dentro da história”, que é a história de Cervantes, “um poeta nos
infernos”. “Homens de Cinzento” é uma história de crime, repleta de ação, na Barcelona
que engole as personagens no seu “bosque de fábricas fantasmagóricas e névoas
de enxofre”.
Este
é um livro que aconselho a ler, após a leitura da tetralogia, um livro que, com
certeza, revisitarei.
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