Isaac, Maria (2017). Onde Cantam os Grilos. Lisboa: Cultura Editora.
Nº de páginas:
296
Início da
leitura: 11/07/2021
Fim da leitura: 12/07/2021
Onde
Cantam os Grilos é um
romance de Maria Isaac, nascida no norte de Portugal e residente em Lisboa,
finalista do Prémio Fundação Eça de Queiroz 2019 e a voz do podcast literário “Palavra”.
SINOPSE:
“Ainda
bebé, Formiga foi deixado num cesto nos degraus da casa da Herdade do Lago.
O
mistério da sua chegada é apenas mais um na longa história da herdade e das
várias gerações dos Vaz, que a assombra de lendas e maldições: uma fonte
inesgotável de mistérios fascinantes para a imaginação do rapazinho cabeça de
vento.
Deslumbrado
pela vida da família que venera de forma atrapalhada, Formiga corre e trepa a
árvores, encolhe-se, faz-se invisível, inventa um pouco de tudo para conseguir
acompanhar conversas, descobrir mais um segredo.
Mas
o último segredo que ele descobre revela-se demasiado grande para a curiosidade
bem-intencionada de uma criança, e um erro seu acaba por destruir o único mundo
que conhece e pôr fim à sua infância.
Mais
de vinte anos depois, Formiga regressa à Herdade do Lago e escreve para um
leitor invisível, relembrando tudo o que foi e que não deveria ter sido.
Uma
história doce contada pela voz de um adulto que fala pela criança que foi um
dia."
OPINIÃO:
Com
a simplicidade de um narrador de 10 anos, que se vai apaixonando por poesia, a
história chega-nos através de Formiga, a criança que fora deixada num cesto na
Quinta do Lago e que foi acolhida e educada pela estranha família Vaz.
Gostei
da forma como está escrito, pois a linguagem retrata as personagens que a
utilizam, permitindo-nos imaginá-las a tecer algumas considerações entre elas.
É
um drama familiar, a que Formiga assiste, vivendo todos os anseios e problemas
da família que o acolheu. Em toda a narrativa, vamos tendo regionalismos, menção
a tradições, iguarias e superstições do norte do país, o que o torna mais verosímil.
Formiga
é uma criança aplicada nas tarefas que lhe são distribuídas. Adora a natureza, calcorrear
a quinta, subir às árvores, entre outras. Gosta de saber tudo o que se passa
com todos os membros da família. Uma família repleta de segredos, de paixões moralmente
não aceites.
Vai
desenvolvendo um gosto especial por poesia, que regista num caderno que lhe foi
oferecido por Fernando e que passa a ser o seu grande tesouro.
Numa
linguagem fluída, damos por nós a dar colo a esta criança, que depressa se
torna o nosso Formiguinha e que queremos acompanhar até ao fim. Não sei se esse
fim foi o melhor. Senti que faltava algo. Outro aspeto que considerei um pouco
forçado, foi a inspiração no “Amor de Perdição”, porque a perdição de amor poderia
ser mais consistente e trabalhada.
Em
todo o caso, no computo global, gostei.
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