Perguntem a Sarah Gross, João Pinto Coelho

Coelho, João Pinto (2015). Perguntem a Sarah Gross. Alfragide: Publicações Dom Quixote.



Nº de páginas: 448

Início da Leitura: 13/07/2021

Fim da Leitura: 16/07/2021

Sinopse:

“Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah. Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador.

Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou.

Rigoroso, imaginativo e profundamente cinematográfico, com diálogos magistrais e personagens inesquecíveis, Perguntem a Sarah Gross é um romance trepidante que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História. A obra foi finalista do prémio LeYa em 2014.”

Opinião:

É sempre com imenso prazer que leio um livro de João Pinto Coelho, um escritor completo, que concilia boas histórias, criatividade, boa escrita, ritmo cinematográfico, o que nos deixa sempre irremediavelmente presos às histórias. A narração é alternada entre a época de 1923 e a de 2013, de forma bem concebida.

Entendo perfeitamente a razão de o autor ter sido finalista do Prémio Leya em 2014 com este livro. E creio que seria um justo vencedor, não menosprezando o Pão-de-Açúcar de Afonso Reis Cabral.

Gosto da forma como Pinto Coelho escreve sobre o Holocausto, como desenvolve as questões políticas que estiveram por detrás da História e não apenas o falar por falar de muitos livros que apostam logo, nos seus títulos, em Auschwitz e Birkenau, para se tornarem mais vendáveis. As personagens são credíveis, fortes, muito bem trabalhadas. Sentimos com elas, ouvimos histórias com elas, queremos, como elas, saber mais e perceber tudo o que se passou e, finalmente, surpreendemo-nos com elas e como elas!

É uma história sem heróis, mas com seres humanos, com tudo o que têm de bom e de mau. Ninguém, afinal, é perfeito, não é? E o comportamento destas personagens desperta-nos sentimentos de impotência, de resistência, de arrogância, de repulsa, de indignação, mas também de admiração, de comunhão, de alívio, de perda e de luto. E, ainda que seja um tema pesado, não deixa de nos suscitar ternura e despertar alguns sorrisos. É um livro duro, que nos abana e que toda a gente devia ler! É um livro completo.

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