A Dança das Estrelas, Emma Donoghue

Donoghue, Emma (2021). A Dança das Estrelas. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 304

Início da leitura: 27/08/2021

Fim da leitura: 28/08/2021

A Dança das Estrelas é um romance ficcional, baseado em factos históricos, escrito por Emma Donoghue e traduzido por Cláudia Ramos.

Sinopse:

“Dublin, 1918.

Numa Irlanda duplamente devastada pela guerra e doenças, a enfermeira Julia Power trabalha num hospital sobrelotado e com falta de pessoal, onde grávidas que contraíram uma gripe desconhecida são colocadas em quarentena. Neste contexto já bastante difícil de gerir, Julia terá ainda de lidar com duas mulheres enigmáticas: a Dra. Kathleen Lynn, procurada pela polícia por ser uma líder revolucionária do Sinn Féin, e uma jovem ajudante voluntária sem experiência de enfermagem, Bridie Sweeney.

É numa enfermaria minúscula, escura e sem condições, que estas mulheres vão lutar contra uma pandemia desconhecida, perder pacientes, mas também trazer novas vidas ao mundo. No meio da devastação, histórias de amor e humanidade no dia a dia de mães e cuidadoras que, de várias formas, acabam por cumprir missões quase impossíveis.”

Opinião:

Que livro! Impressionante.

Primeiro, os factos históricos, como a pandemia de influenza de 1918, que matou “mais pessoas do que a Primeira Guerra Mundial”, ou factos ocorridos em instituições residenciais irlandesas que tratavam tão cruelmente as crianças, ou, ainda, a Dra. Kathleen Lynn, que teve um papel preponderante no combate à pandemia numa clínica gratuita, são factos que tornam os acontecimentos narrados verosímeis e até dolorosos.

Não foi um livro fácil de ler em termos de carga emocional que envolve, mas foi um livro que li rapidamente, pois foi sempre a custo que o fui pousando. É daqueles livros que nem nos apercebemos de que estamos a ler há horas.

Muito duro, emocional e bem escrito.

É de louvar o facto de numa unidade de espaço, como o hospital que servia de maternidade para grávidas vítimas da influenza, nos tenha absorvido de tal maneira, que não saturou. Apenas senti o adensar de uma nostalgia neste espaço que se torna num espaço mais do que físico, num espaço psicológico de grande tensão, quer para as personagens, quer para o leitor.

A narrativa é de tal forma envolvente, que nos sentimos a correr pelo espaço, pela exígua enfermaria, atrás da enfermeira e da sua ajudante Bridie, mas com uma sensação tal de impotência, que nos sentimos desfalecer com as estrelas que vão ganhando um novo espaço no céu, como numa rodopiante dança de morte. Sentimos vontade de pegar na caneta e mudar o rumo à história. Mas, é por ser tão realista, tão intensa, que nos cativa, nos exaspera, nos comove e nos dilacera.

Aconselho vivamente a leitura a quem gosta deste tipo de romance. Contudo, alerto os mais sensíveis para uma narrativa que pode, de facto, chocar.

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