Slimani, Leïla (2021). O País dos Outros. Lisboa: Alfaguara Portugal.
Nº
de páginas: 344
Início
da leitura: 22/08/2021
Fim
da leitura: 23/08/2021
O
País dos Outros é um
romance escrito por Leïla Slimani e traduzido por Tânia Ganho.
Sinopse:
“Da
aclamada autora franco marroquina Leïla Slimani, uma atmosférica e inquietante
saga familiar que põe em relevo uma mulher enredada entre duas culturas,
dividida entre a dedicação à família e o amor à liberdade com que cresceu.
Em 1944, Mathilde, uma jovem alsaciana, apaixona-se por Amine, um oficial
marroquino que combate no exército francês durante a Segunda Guerra Mundial.
Terminada a guerra, o casal muda-se para Marrocos e instala-se perto de Meknés.
Amine dedica-se a recuperar a quinta herdada do pai, tentando arrancar frutos
de uma terra pedregosa e estéril.
Enquanto isso, Mathilde começa a sentir o jugo dos costumes conservadores do
novo país, tão sufocante quanto o seu clima. Nem a maternidade apaga a solidão
que sente no campo, longe de tudo, num lugar que não é o seu e a verá sempre
como estrangeira.”
Opinião:
Mais
uma excelente obra, numa narrativa crua e dura, a que a autora já nos habituou.
Este
seu novo romance inspira-se na vida da sua avó francesa, conta o casamento de Mathilde
com um soldado marroquino, Amine, que lutou ao lado das tropas gaulesas durante
a Segunda Guerra Mundial.
A
vida não é um conto de fadas e Mathilde, uma jovem alsaciana, terá a
oportunidade de o constatar, quando viaja com Amine, para a quinta que este
herdou do pai. Mas nada é fácil:
-
a quinta está degradada;
-
a rocha e aridez da terra, é um obstáculo ao cultivo da terra;
-
a população mostra-se racista, desconfiada e pouco recetiva, considerando
Mathilde como a “estrangeira”;
-
a dada altura, Amine trata-a como os outros homens tratam as mulheres, saindo
com os amigos e mostrando-se pouco carinhoso, o típico patriarca que espera a
total submissão da mulher, chegando a revelar-se violento com ela, apesar de
considerar que toda a sua luta é pela família e porque ama Mathilde. Há um
choque evidente de culturas.
Mathilde,
apesar de amar os filhos, Aïcha e Selim, nunca se sente em casa e chega a
ponderar abandonar tudo e regressar a casa, mas o amor aos filhos é mais forte
que o seu próprio sofrimento e infelicidade.
Apesar
de tudo e da vida difícil desta família, Mathilde revela-se trabalhadora,
coopera como pode, costura as roupas para os filhos e preocupa-se com os mais
pobres.
Também
a filha, Aïcha, é cativante e inteligente.
A
linguagem é fluída, viciante e as descrições tão reais que as sentimos e
vivenciamos.
Este
é o primeiro livro de uma trilogia, cujos próximos volumes aguardo
ansiosamente.
Aconselho
a leitura!
0 Comentarios