Ishiguro, Kazuo (2021). Klara e o Sol. Lisboa: Gradiva.
Nº de páginas:
360
Início da
leitura: 10/08/2021
Fim da leitura: 12/08/2021
Klara
e o Sol é o último
livro do Nobel da Literatura Kazuo Ishiguro, traduzido por Maria de Fátima Carmo.
Sinopse:
Do
local onde está exposta, Klara, uma Amiga Artificial com notável capacidade de
observação, vê com atenção o comportamento dos que entram na loja para apreciar
os artigos e dos que passam na rua e se detêm a olhar as montras.
Acalenta
a esperança de que entre um cliente que a escolha, mas, quando surge a
possibilidade de as suas circunstâncias se alterarem para sempre, Klara é aconselhada
a não se fiar muito nas promessas dos seres humanos.
Através do olhar de uma narradora inesquecível, Kazuo Ishiguro contempla em Klara e o Sol o mundo moderno em rápida mudança para compreender uma questão fundamental: o que significa amar?”
Opinião:
Esta
obra ficcional, em grande parte de ficção científica, não pretendia, penso eu,
ser um depósito de chavões deste género literário, como também não se pretendia
nenhum estudo científico. Antes pelo contrário. Apesar de se abordarem questões
mais genéricas, como o domínio do mundo pelas máquinas, que o homem teme virem
a substituí-lo em muitos domínios, não foi esse o aspeto preponderante que
captei na história criada por Ishiguro. Nem penso que tivesse pretensões a
sê-lo. A história é narrada na 1ª pessoa, tendo o autor escolhido para
narradora Klara, uma Amiga Virtual. Esta escolha faz-nos perceber a perspetiva
de Klara, que, naturalmente nos interessava mais, a quem pretende fruir da
leitura, mas que poderia deixar insatisfeito quem esperava desta obra uma
profunda abordagem da temática da inteligência artificial.
A
história começa com Klara, numa montra de uma loja que vende AA (Amigas
Artificiais), normalmente para acompanharem crianças e ajudarem a colmatar toda
a solidão em que a sociedade atual as encerra, uma sociedade cada vez mais
deteriorada, mais só, mais conflituosa, onde, como em várias distopias que li,
se chega a um ponto em que se impõe uma necessária seleção. Muitas crianças
acabam por morrer, se não houver, por parte dos pais, a decisão de os alterar,
de alguma forma, em termos genéticos.
Klara
é escolhida por Josie, uma criança que se encontra gravemente doente, supostamente
por decisões dos pais (mais da mãe), que não nos são completamente
clarificadas. E, apesar de haver modelos mais recentes, é Klara que capta a
atenção da criança. Klara acaba por se revelar uma exímia cuidadora de Josie,
preocupando-se com a sua saúde e bem-estar, mais do que a própria mãe, dividida
entre a preocupação com a filha, o emprego e as sombras do passado que
continuam a fazê-la sofrer e temer pelo futuro de Josie.
Não
posso revelar mais. Apenas posso adiantar que muitos acontecimentos se
desenrolam durante a estadia de Klara em casa de Josie. E, claro, com a preciosa
ajuda do Sol, de que Klara vai sempre depender.
Gostei
tanto da Klara, tão sensata, tão mais humana que alguns humanos, tão mais amiga,
tão atenta a tudo o que a rodeia, tão curiosa e com vontade de aprender sempre
mais com a observação dos humanos…
Um
livro excelente para uma leitura de verão, em que o sol nos permitirá
recarregarmos as nossas baterias para o próximo ano de trabalho, porque também precisamos de livros que nos deem sol!
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