A Vida Mentirosa dos Adultos, Elena Ferrante

Ferrante, Elena (2020). A Vida Mentirosa dos Adultos. Lisboa: Relógio D'Água.

Tradução: Margarida Periquito

Nº de páginas: 304

Início da leitura:08/08/2023

Fim da leitura: 09/08/2023


**SINOPSE**

"«Dois anos antes de sair de casa, o meu pai disse à minha mãe que eu era muito feia» é a frase inicial deste romance. A revelação é feita por Giovanna, que ao olhar paterno se transformara de criança encantadora em adolescente imprevisível, que parecia tornar-se cada dia mais parecida com a desprezada tia Vittoria.

A frase ouvida sem que os pais o soubessem vai levar Giovanna a procurar conhecer a tia, cujas fotografias foram apagadas dos álbuns de família e é evitada em todas as conversas.

Para saber se estará realmente a tornar-se semelhante à tia, vai visitar a zona empobrecida de Nápoles, a conhecer uma versão diferente dos seus pais, provocando sem o saber a desagregação da sua família intelectual, compreensiva e perfeita na aparência.

Confirmando a sua mestria narrativa e o profundo conhecimento do que se passa na cabeça das adolescentes, Ferrante constrói um enredo surpreendente, ligando uma história de iniciação aos episódios de uma pulseira que passa de mão em mão. Giovanna move-se entre duas famílias e duas zonas da cidade em busca dela própria, na passagem da adolescência para a idade adulta."
Elena Ferrante escreve muito bem. Gosto da fluência da linguagem e do emaranhado de histórias. Apesar de os dois primeiros livros da tetralogia de "A Amiga Genial", me ter surpreendido mais, gostei também bastante deste.  Neste livro, a protagonista e narradora, uma jovem de 15 anos, Giovanna, muito amada pelos pais, ouve, certo dia, o pai dizer à mãe que a filha estava cada vez mais parecida com a irmã do pai, Vittoria, com quem o pai nunca se dera e que dizia, com frequência, ser feia e má.
A partir desse momento, nasce em Giovanna, a par de uma frustração (já que o pai lhe abrira os olhos para o facto de ser como a tia odiada), um desejo de saber como era a tia, se era mesmo parecida com ela. Em casa, encontra apenas fotos antigas, onde apenas se vê o pai e as outras figuras surgem pintadas num retângulo negro. Decide, então, dizer aos pais que deseja conhecer a tia, que vive num bairro pobre de Nápoles. Apesar de alguma relutância inicial, os pais deixam-na ver a tia, pensando que lhe bastaria um encontro para se mentalizar das suas diferenças. Mas nada corre como o suposto.
A par desta descoberta da família do pai que nunca conhecera, Giovanna começa a ver os pais de uma forma mais distante: seriam eles os pais perfeitos que ela sempre acreditara serem? Teria a tia razão e o pai não prestava?
A partir daqui, assistimos ao amadurecimento de Giovanna que, entretanto, faz 16 anos - a crise da adolescência, o afastamento dos estudos, as primeiras experiências sexuais, o primeiro amor, a desilusão, a procura de conhecimento...
Recomendo a leitura!

0 Comentarios