Subitamente Sós, Isabelle Autissier

Autissier, Isabelle (2021). Subitamente Sós. Alfragide: Casa das Letras (Leya).
Tradução: do francês, por Luísa Benvinda Álvares
Nº de páginas: 160
Início da leitura: 16/08/2023
Fim da leitura: 17/08/2023

**SINOPSE**
"Louise é uma alpinista experiente, Ludovic um jovem bem constituído. Destemidos e desejosos de um ano de liberdade, deixam o apartamento em Paris e uma vida bastante convencional para se lançarem numa aventura: darem a volta ao mundo num veleiro.

A ilha onde aportam, no polo sul, atrai-os pela beleza selvagem: picos nevados, crateras geladas, um lago seco. Mas de repente surge uma nuvenzinha escura ao longe… Quando a tempestade levanta, destrói tudo à sua volta e o barco desaparece. Os dois ficam subitamente sós; os pinguins, as otárias, os elefantes-marinhos e as ratazanas passam a ser a sua única companhia numa velha estação baleeira, abandonada há décadas.

A aventura romântica torna-se um pesadelo e a relação do casal deteriora-se a cada dia. Será possível sobreviver numa natureza tão estranha e hostil? Durante quanto tempo? Como poderão lutar contra a fome e a exaustão num lugar tão isolado? E, se sobreviverem, como será regressar para junto dos seres humanos? Como contar-lhes o inenarrável?

Subitamente, Sós é uma obra notável sobre o engenho e as estratégias de sobrevivência e, ao mesmo tempo, um aviso sério relativo ao poder da natureza sobre o homem."

Isabelle Autissier foi a primeira mulher velejadora a dar a volta ao mundo em solitário.
Escreveu romances, contos e ensaios, entre os quais Kerguelen (2006), Seule la mer s’en souviendra (2009), L’amant de Patagonie (2012) e, com o escritor Erik Orsenna, Salut au Grand Sud (2006) e Passer par le Nord (2014). Atualmente, é presidente honorária do World Wildlife Fund France (WWF).
Inicialmente, tive a sensação de estar perante dois jovens que retratam a atual sociedade, um pouco vazios e pensei que estava perante uma história de amor cliché. Mas, à medida que a ação avança, a história vai ganhando força, prendendo-nos completamente, envolvendo-nos. A degradação gradual do ser humano que não está, de todo, preparado para lutar pela sobrevivência, numa ilha sem o que comer, a não ser as lapas, algas e os pinguins. Lutar pela sobrevivência é pôr de parte qualquer sentimento, é, até mesmo, uma luta desumana, animalesca, onde a degradação física é acompanhada pela degradação psicológica. Há um amadurecimento e um envelhecimento inevitáveis. Para trás, ficam, para sempre, os jovens levianos que tudo tinham. Torna-se fácil matar, torna-se fácil ser-se egoísta, quando o que veem pela frente é a solidão total, a passagem dos dias sem ninguém que os salve, a morte...Ter-se-ão Ludovic e Louise salvado? Aconselho muito a leitura deste livro.


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