O Sr. Wilder & Eu, Jonathan Coe

 Coe, Jonathan (2020). O Sr. Wilder & Eu. Lisboa: Porto Editora.

Tradução: Rui Pires Cabral

Nº de páginas: 232

Início da leitura: 06/08/2023

Fim da leitura: 08/08/2023

**SINOPSE**

Aos 57 anos, a vida de Calista Frangopoulos parece ter chegado a um impasse pessoal e profissional. À partida de uma das filhas para um país longínquo e ao complexo dilema com que a outra se debate, soma-se o pouco trabalho que tem tido enquanto compositora de bandas sonoras. É no meio deste caos que recorda a sua própria juventude e os tempos passados com o grande realizador de cinema Billy Wilder.
Em 1976, por mero acaso, Calista dá por si em Los Angeles, num requintado jantar com grandes figuras do cinema, entre elas Wilder, que acaba por contratá-la como intérprete durante a rodagem do filme O Segredo de Fedora, numa belíssima ilha grega.
E assim, ao lado de um dos maiores nomes da sétima arte, numa ímpar jornada de aprendizagem e crescimento, Calista conhece os últimos momentos de uma forma de fazer cinema que então chegava ao fim. Ao mesmo tempo, começa a traçar o seu próprio caminho, descobrindo não apenas o amor, mas também os traumas privados e coletivos que o Holocausto deixou.

Num romance que evoca a passagem da juventude à idade adulta e faz o retrato íntimo de uma das mais intrigantes figuras do cinema, Jonathan Coe lança o olhar sobre a natureza do tempo e da fama, da família e da atração traiçoeira que a nostalgia consegue exercer sobre cada um de nós.

Gostei muito de ler este livro, que, em grande parte das passagens, me transmitiu a melancolia da passagem do tempo, da efemeridade de tudo, da decadência dos tempos áureos do cinema de Billy Wilder (1906-2002).
Na narrativa, alternam dois tempos: o passado, os tempos áureos do cinema, o sonho e a descoberta e o presente, em que os filmes se tornaram um negócio, em que se passa mais tempo a negociar os custos do filme do que o próprio argumento. Esta é a fase da deceção, da nostalgia, em que se sente a necessidade de reinvenção, de adaptação aos novos tempos.
A história é narrada por uma das protagonistas, secretária, em tempos, do sr. Wilder, a Calista Frangopoulos, anglo-grega, que recorda os tempos em que conheceu o Sr. Wilder, numa noite desastrosa, em Los Angeles, que, mais tarde, a contrata como intérprete, aquando das gravações de O Segredo de Fedora.
É um livro bem escrito, com uma linguagem despojada mas elegante. Em alguns momentos, torna-se um pouco descritivo e penso que a história de Calista remete-se um pouco à função de narradora...
A parte inicial deste romance foi escrita em Cascais, numa residência literária, durante cerca de dois meses, como o autor refere no final.
Recomendo a leitura!

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